sexta-feira, 27 de março de 2009

A-ha ! Eu fui...

Depois de uma semana bem "mais ou menos", que eu passei com uma queimação no estômago chata e inexplicável, a vida deu uma aliviada na minha barra. Ontem eu fui no show do A-ha !
Essa é uma banda norueguesa da década de 80, que fez muito sucesso no Brasil e no mundo. Quem é que está na casa dos trintas anos e nunca dançou Hunting High And Low e Crying In The Rain de rosto colado ? Dá saudade só de lembrar...

Eu ganhei o ingresso de presente de aniversário dos meus pais e nós três fomos juntos ao evento. Chegamos lá por volta de 20:50H e o estacionamento do Shopping já estava lotado. Encontramos uma vaga e seguimos direto para o Citibank Hall. A organização foi eficiente, entramos sem problemas e nos conduziram até o camarote rapidamente. Não costumo ficar com a elite, mas dessa vez foi assim... Em menos de dez minutos já estávamos acomodados e aguardando o início do espetáculo.

Lá encontrei com meu co-worker Helios Caldas, empolgadíssimo na pista junto à sua esposa e à multidão de fãs. Eu e minha mãe quase fizemos um rapel pra encontrar com eles, só faltou a corda...

A primeira surpresa da noite foi que os noruegueses entraram no palco meia hora atrasados. Eu conheço bem o povo nórdico, já estive quatro ou cinco vezes na terra dos Vikings e posso garantir que eles são pontuais. Mas nesse caso, alguém deve ter soprado que punctuality não tem tradução oficial para o português ! (risos)
A outra coisa que impressionou de início foi a aparência dos integrantes da banda. Morten, o vocalista, parecia que tinha ficado numa câmara criogênica desde 1994. Os outros, Paul e Magne, também estavam muito bem. Acho que os raios do sol da meia-noite eliminam radicais livres !

O A-ha faz um som pop-rock com toques de psicodelia e experimentalismo, usando sintetizadores em muitas composições. Claro que estamos falando da Noruega, país onde não há uma forte miscigenação musical, portanto os arranjos são de certa forma simples e a harmonia nem sempre é azeitada, mas tudo isso é compensado pelas lindas melodias declamadas com inquestionável proficiência por Morten Harket, aliás, eleito a melhor voz do ano de 1986.
A presença de palco e o carisma também não são pontos fortes. Os caras são meio desajeitados, mas ainda assim capazes de animar a galera.

De maneira geral o show foi ótimo. O setlist continha quase todos os grandes hits, canções menos conhecidas e ainda algumas faixas do vindouro CD da banda, que por sinal, segue a linha meio EMO que é traço marcante e pioneiro deles ! O lançamento do álbum está previsto para junho desse ano.

Em vários momentos o público agitou o ambiente, acompanhando as letras e pulando sem parar. Já durante as baladas românticas via-se uma constelação de displays de máquinas fotográficas com seus flashes idolátricos em movimentos pendulares sincronizados.
No final, após um discreto pedido de bis, a banda retornou ao palco e fechou o concerto tocando "Take on Me", seu mais famoso sucesso. A platéia insandecida cantou e dançou do início ao fim.

Valeu muito a pena ! E aproveitando o momento saudosista, termino com a perfeição de "Hunting High And Low".


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


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Hunting High And Low
Letra: Paul Waaktaar-Savoy

Here I am
And within the reach of my hands
She sounds asleep and she's sweeter now
Than the wildest dream could have seen her
And I catch her slipping away
Though I know I'll be hunting high and low

High
There's no end to the lengths I'll go to
Hunting high and low
High
There's no end to lengths I'll go

To find her again
Upon this my dreams are depending
Through the dark
I sense the pounding of her heart
Next to mine
She's the sweetest love I could find
So I guess I'll be hunting high and low

High
There's no end to the lengths I'll go to
High and Low
High
Do you know what it means to love you

I'm hunting high and low
And now she's telling me she's got to go away
I'll always be hunting high and low
Hungry for you
Watch me tearing myself to pieces
Hunting high and low

High
There's no end to the lengths I'll go to
Oh, for you
I'll be hunting high and low

quarta-feira, 25 de março de 2009

As tramóias do meu subconsciente

Anteontem foi um dia muito interessante; de descobertas... Experimentei o efeito psicotrópico na percepção da minha realidade. Calma, calma ! Não usei nenhuma droga ilícita, mas duas caipivodkas e uma boa quantidade de chopps me fizeram viajar e me conscientizar de algumas coisas que ando fazendo inconscientemente.

Eu não fico pensando na vida quando estou sob efeito de álcool, geralmente estou muito entretido falando besteira e rindo com os meus amigos, já que na maioria das vezes a bebida está relacionada a um evento social, mas sempre há uma primeira vez.
Notei que estou me boicotando, evitando que possíveis relacionamentos aconteçam na minha vida. Sempre que me deparo com uma mulher que me chama atenção, meu subconsciente dá um jeito de comprometer a situação, eu me faço desinteressante, tímido, superficial... o cara é criativo !

Agi dessa maneira com uma moça que estava no pub onde eu comemorei meu aniversário com o pessoal do trabalho. Tinham me dito que ela estava olhando pra mim e em alguns momentos achei que cochichava com as amigas alguma coisa sobre a gente. Pouco importa se isso aconteceu mesmo, o que importa é como eu me comportei...

Lá pelas tantas, nem me lembro mais como, as mesas foram juntadas e estávamos eu e um amigo, interagindo com as recém ordenadas advogadas. Rodrigo, que já é um guerreiro experiente em nights e afins conduzia com a maior destreza papos e mais papos com quem aparecesse. Eu, por outro lado, estava ali meio perdido, meio bobo, meio forçado.
Estava do lado de uma menina super bonita, bem vestida, simpática, sorridente e aparentemente extrovertida, mas o máximo que fiz foi ensaiar uma conversa muito tosca sobre nada. Quase um capítulo de Seinfeld ! Claro que eu não percebi isso na hora, só depois, e o pior é que eu sei que estava curioso pra saber várias coisas, inclusive sobre as fotos de um álbum que ela parou pra ver, mas sei lá por que, eu não perguntei nada...

Nem tenho idéia de quanto tempo ficamos lá, mas de repente fomos convidados pra ir no samba do Salgueiro. Até fomos, mas além de nos desencontrarmos das moças, quando chegamos na quadra da escola a festa já tinha acabado (ou nem tinha acontecido). Dali eu fui pra casa e Rodrigo voltou pra Niterói. Caso encerrado !

Cheguei em casa morto, mas quando fui tentar dormir não consegui. Meus pensamentos foram longe e me colocando como observador externo de mim mesmo, eu concluí que estou com receio de entrar num relacionamento e não conseguir fazer quem está ao meu lado feliz, ou de não me ver feliz e sentir vontade de fugir, ou... Foram várias coisas que vieram à tona.
O mais engraçado é que isso vai de encontro a tudo o que eu acredito e penso sobre a vida. Esse diário é inclusive um registro vivo de que esses "medos" descabidos não vagam pelo meu consciente e tudo o que eu escrevo aqui é 100% sincero. Não faria sentido me preocupar com o futuro, pois não tenho a menor inferência sobre ele, muito menos com a minha competência interpessoal, até porque já me disseram inúmeras vezes que desperto coisas boas nas pessoas. Afinal, vai entender as tramóias do meu subconsciente !?!

Nessa hora eu finalmente acreditei que mesmo quando a gente possui determinado conhecimento, ele não necessariamente é suficiente pra nos livrar de problemas. Por exemplo, psicólogos podem ter problemas pessoais, economistas podem administrar mal seu dinheiro, pneumologistas podem fumar e ter enfizema e assim por diante.

Aproveito, aliás, pra pedir desculpas àqueles que já ouviram de mim críticas com base nessa falsa premissa de que conhecimento é vacina !

Enfim, eu resolvo usar os sentimentos como critério principal das minhas escolhas pra evitar os meus devaneios racionais e morais, e descubro que o meu subconsciente está agindo misteriosamente ! Que safado !!! (risos)

Já tive uma conversa séria com o meliante, agora é ver se ele aprendeu a lição...

Termino esse texto com uma frase emblemática: Será que meu subconsciente e a providência divina estão me conduzindo até a minha alma gêmea ? (mais risos)


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Plantão Verso e Prosa: Blog em recesso

Ilustres amigos, leitores e seguidores,

Decidi fazer uma pausa nas minhas publicações blogueiras. Pensei inicialmente que não faria sentido parar de escrever por qualquer motivo, afinal isso é um diário, mas algumas fragilidades e vulnerabilidades merecem uma atenção exclusiva, pois no final, a pessoa mais importante da minha vida sou eu.

Eu estava escrevendo sobre um tema que gosto muito, a Sincronicidade. Demorei muito pra descobrir esse nome, porque é difícil pesquisar um assunto a partir de descrições de experiências pessoais. Acessar o Google e digitar, por exemplo: "sucessão de eventos aparentemente coincidentes" não ajuda muito e mesmo assim a internet chegou pra mim há menos de 15 anos atrás...

Sem explicar do que se trata, digo que a sincronicidade pautou a minha vida desde que eu me lembro. Muitas das minhas escolhas foram tomadas graças a ela, mas o que parecia ser certo se mostrou incerto.
Quem lê este texto nesse momento provavelmente não está entendendo nada, mas nem eu estou. É assim mesmo... Quando um dos pilares da nossa fé racha precisamos conter a rachadura e reforçar a estrutura. E lá vou eu iniciar esse processo...

Não quero mais deixar de escrever, portanto sei que minhas baboseiras voltarão a ser registradas aqui em breve. Nesse meio tempo estarei acessível por:
E-mail: http://www.blogger.com/fabiomoraesmachado@gmail.com
MSN: http://www.blogger.com/fabio_mp3@hotmail.com

Fiquem bem !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

domingo, 22 de março de 2009

Pronto para o trigésimo segundo outono

Pra quem não sabe, anteontem aconteceu o equinócio de outono. Eu nasci no dia 23 de março, sempre um dos primeiros dias dessa estação e ao longo dos anos ela passou a ser minha preferida. É um período de intensa mudança, onde a Natureza se renova gradualmente, até mostrar toda a sua exuberância na primavera. Eu me identifico com essas características, já que sou um ser mutante, física, mental e espiritualmente.

Quando eu tinha dezessete anos conheci um lugar que viria se tornar o meu refúgio nas horas de profundas reflexões, meditações, construções e desconstruções. Fui convidado pra dar uma entrevista sobre o vestibular e precisaria tirar umas fotos que refletissem o meu momento. A repórter me perguntou onde eu gostaria de ir e pensei logo na Floresta da Tijuca, um espaço dominado pela Natureza, calmo, belo e poderoso. Ela concordou e disse que conhecia o local perfeito.

Inicialmente eu pensei que iria pra algum dos vários pontos que conhecia, já que eu e meus amigos costumávamos explorar as trilhas e escalar os picos de lá. Fui supreendido quando o carro que nos conduzia dirigiu por todo o percurso da floresta, parando num açude lindo, no final da pista, na saída de veículos. Percebi que nunca tinha estado ali, pois como jovem menor de idade, eu nunca estava dirigindo.

O local era perfeito e de fato traduzia o meu estado de espírito. Fiz a entrevista, as fotos e quando fomos embora, eu pensei que gostaria de voltar ali...
Nos anos seguintes esse episódio caiu no limbo da minha memória, graças à agitada vida universitária, mas depois do término de um relacionamento, ainda no início da faculdade, eu voltei. A sensação que tive foi igualmente incrível e essa segunda visita acabou por criar um vínculo entre mim e a beleza daquele pedaço do paraíso.

Dali em diante retornei ao meu local secreto pra me encontrar, sempre próximo ao meu aniversário ou ao Natal. Ninguém sabia, só eu. Em pouquíssimas ocasiões convidei alguém pra ir comigo, só quando achava que algum dos meus amigos precisava sentir aquela energia e se reequilibrar. Casualmente nunca fui acompanhado...

Mas nos últimos cinco anos, só tinha ido lá duas vezes, então na semana passada decidi que aproveitaria a proximidade do meu trigésimo segundo outuno e planejei um passeio...
Acordei no sábado (ontem) pouco antes das seis da manhã, provavelmente por ansiedade. Fiz alguns preparativos e parti para a minha jornada. O plano era o tradicional, me conectar ao máximo ao ambiente e me isentar de recursos muito elaborados.

Saí de casa a pé, carregando somente uma mochila com água, um livro e uma toalha. A idéia era caminhar até o meu recanto, sem me preocupar com nada. Chegaria lá e só então pensaria no que fazer: ler, meditar, rezar, observar, perceber...
Assim o fiz. Comecei meu trajeto num espaço urbano, barulhento e gradativamente fui me aproximando do silêncio, do bucolismo, de mim.

Pouco a pouco a Natureza foi mostrando seus ares e quanto mais eu me conectava, mais as nuances se exibiam, do amarelo esverdeado ao verde amarronzado.
Depois de quase duas horas avistei o lago, com sua água que de tão repousada refletia as frondosas árvores do entorno como um gigante espelho natural.
Fui até uma grande pedra onde costumo sentar e lá estendi minha toalha. Após alguns minutos de contemplação saquei meu livro e me pus a ler avidamente. Li por horas, entretido com as travessuras da meniná má de Mario Vargas Llosa, até que a iminente chuva me fez parar. Recolhi minhas coisas e peguei a estrada novamente.

Ainda era cedo, pouco depois de meio-dia, então resolvi caminhar pelo parque. A visão era linda e fui tomado por uma paz inebriante... Meus pensamentos se dissiparam e só me restou a observância, a contemplação. Precisava disso. Aquilo era mais do que um relaxamento mental, era uma limpeza espiritual que foi concluída com um banho numa singela queda d'água.
Andei, andei, andei, escolhendo os caminhos mais longos até contornar todo o circuito turístico e chegar à entrada principal. Enfim, estava de volta à realidade urbana, mesmo que ainda discreta.

Pra finalizar, tomei uma revigorante água de coco e fui agraciado simultaneamente com um sol brilhante e um céu lacrimejante. Perfeito !

Caminhei de volta pra casa, renascido, renovado, energizado. Agora estou pronto para o meu trigésimo segundo outono. Que venham outros !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

Momento Poesia: Eu sou...

Título: Eu sou...
Autor: Fabio Machado

Eu sou uma consciência confusa
Em busca, de certa forma obtusa

Eu sou homem, sou santo e poeta
Mundano pecador e divino asceta

Eu sou ordem, sou caos e profeta
Recluso sonhador e notório pateta

Eu sou silêncio, sou som e música
Num minuto certeza, noutro dúvida

Eu sou bem, sou mal e selvagem
Às vezes real, às vezes imagem

Eu sou paixão, sou calor e amor
Oscilando entre a paz e a dor

Eu sou movimento, dom e verdade
Fiel escudeiro da sincronicidade

Eu sou paz, sou guerra e conflito
Com jeito sagaz e coração aflito

Eu sou cor, sou tom e Natureza
Do respeito e da sincera pureza

Eu sou cheiro, sou pele e Outono
Ora rei sem espada, ora cão sem dono

Eu sou nada mais do que eu
Um pouco seu, um pouco meu
Eu sou...

terça-feira, 17 de março de 2009

Momento Poesia: Temporal

Título: Temporal
Autor: Fabio Machado


O tempo... ah! pródigo tempo
Que traz impressão de mudança
E o infortúnio da esperança
Sem corromper seu movimento

Faz-nos todos bravos peões
Construindo muros de arrimo
Com loucuras e sonhos do imo
A viver ante as desilusões

Cobra seu preço sem pressa
Preparando-nos para partida
Congelando a energia da vida
Libertada na parte pregressa

Mas juntei início, meio e fim
Ao viver o amor fundamental
Tornando-me um ser atemporal
Conjugado com o Deus em mim


Saudações fraternais,

Fabio Machado

domingo, 15 de março de 2009

Momento Poesia: Caminhos insólitos

Às vezes eu realmente tento me desconstruir, eximir-me de todas as teorias que a vida me empresta a juros exorbitantes. Nessas horas estou imbuído de uma fé que se atém apenas aos sentimentos que fazem parte da essência, bons e ruins.

Diferente do que cogitou minha muito querida amiga Julia Costa, eu não sou preso a essas idéias, principalmente porque me incomoda qualquer aparente aprisionamento, até à mim mesmo, mais ainda porque elas são amorfas como ar, dissipam-se à primeira oportunidade.

Talvez as ciências, naturais ou não, sirvam apenas como subterfúgio, uma forma de nos posicionarmos diante do que conhecemos como realidade. Talvez nossos símbolos sejam apenas uma projeção, diminuta, de algo tão poderoso que está além da nossa compreensão. Talvez...
Sempre pensei que perguntas são muito mais importantes que respostas, mas afinal, talvez nem aquelas sejam...

O fato é que minha consciência me permite existir, pelo menos em mim mesmo e perceber à minha maneira que o jogo da vida possui regras. E como dizia meu primeiro técnico de tênis de mesa, o Sr. Antônio: o importante é participar...

Mas há horas em que eu quero fugir, pedir o mundo pra parar e voltar pro meu planeta.
Curiosamente nessas horas eu escrevo poesias. Não tenho a menor idéia porque fico inspirado, mas sei que isso começou quando eu tinha 15 anos e soube que um colega de turma do colégio chamado José Eduardo fazia parte de um círculo de leituras poéticas, onde também se aprendia a escrever em verso.

Aqui vai mais uma que acabo de escrever...


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


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Título: Caminhos insólitos
Autor: Fabio Machado

Quero me encontrar ao longe
Onde a reta se torna curva
Onde a vida se mostra turva
Na montanha do inócuo monge

Faz de mim balaio de reza
Pela paz que luto em vão
Pelos votos que brotarão
Na mensagem que ele preza

Como estou no meu caminho ?
Vou trilhá-lo enfim sozinho ?
Afastar-me em solidão ?

Vaguear na estrada interna
Sem a luz de uma lanterna
Pode ser-me uma opção...

terça-feira, 10 de março de 2009

Momento Poesia: Laços

Esses dias eu estava surfando pelo Orkut, sem rumo, e encontrei um video lindo no perfil de uma moça chamada Chica, que me pareceu ser a autora. Segundo o que ela escreveu, o curta foi premiado num concurso realizado pelo YouTube. Não confirmei essa informação, mas vale a pena assistí-lo de qualquer maneira. Acessem o link: http://www.youtube.com/watch?v=gl74J-aAnfg

Eu escrevi uma poesia de presente pra Chica, mas pra minha frustração, hoje descobri que ela é apenas uma fã como eu. Pensei comigo mesmo: qual é o problema ? Vou presenteá-la mesmo assim, afinal, ela foi a ponte entre mim e a minha inspiração.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


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Título: Laços
Autor: Fabio Machado

Laços, possíveis, laços
Que abraçam multidões inebriantes
Numa redoma de luzes exuberantes
Até a cor da paixão acalentar

Laços, notáveis laços
Que alimentam a união renovadora
Numa cadência de tons inspiradora
Até o som do universo reverberar

Laços, eternos laços...
Que aproximam corações dilacerados
Num movimento de corpos entrelaçados
Até o último suspiro desabrochar

Laços, divinos laços
Que enlaçam minha alma esperançosa
Numa odisséia de amor despendiosa
Até a tórrida jornada recomeçar

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Machado Tridimensional

Algumas pessoas me acham incoerente e não as recrimino, afinal, faz sentido pensar como penso e não ser recluso como aqueles poetas românticos e sisudos ? Como posso compor, recitar, amar e ao mesmo tempo fechar a pista dançando música de preto, de índio e de branco ou subir no palco pra cantar ao vivo ? Como posso descompromissadamente flertar e até beijar ?
Pelo visto pra elas eu só seria coerente se tivesse pele verde, um cabeção, enormes olhos pretos e um par de anteninhas ! (risos)

Admito, sou desequilibrado mesmo, às vezes bambeio pra lá e pra cá como uma gangorra, mas esse desequilíbrio não é moral, nem racional. Não tenho nenhuma patologia, nem sou insano. Eu me manifesto como um pêndulo dimensional, que ora é divino, ora é profano.

Tenho que admitir que não é incomum os homens falarem diferente do que pensam e agirem diferente do que falam e do que pensam. Somos uma espécie arredia, misteriosa e frívola (não todos, é claro).
Um dia eu decidi lutar contra a minha frivolidade, lá atrás na adolescência. Depois de uma puxada de orelha, de cuja dor lembro até hoje, eu busquei me tornar uma pessoa comprometida, transparente e sincera. Essa última é a mais difícil e a mais recompensadora...
Portanto, acho super curioso o fato de alguns ainda não acreditarem nas minhas palavras e nos meus valores e por isso resolvi tentar entender o porquê dessa incredulidade.

Percebi que sou um ser com três dimensões, a saber: pessoal, interpessoal e transpessoal. Eu ia dizer que todos somos tridimensionais, mas minha amiga Ana Luisa me disse que estou sendo muito cartesiano e como Descartes é praticamente meu anti-herói vou me ater a mim mesmo.
Enfim, a minha dimensão pessoal é aquela que contém a minha consciência, a minha mente, a minha lógica e todas as características falíveis que tenho, impulsos, desejos, perversões, e por que não desvios ? Já a transpessoal é aquela onde estão representadas todas as ligações extra-humanas, meu espírito, minha porção esotérica, divina, que ama intensamente e tem fé.
Os contructos formados a partir dessas duas dimensões se expressam através da dimensão interpessoal, que são todas as relações em que me envolvo ao longo da vida.
Não bastasse isso, ainda me realimento das informações que recebo dessas interações, o que eventualmente influecia meu eu pessoal. É complicado...

Essa divisão, apesar de um pouco infantil e talvez estúpida, sugere porque me comporto de forma multifacetada. Na verdade, a culpa é da razão e da fé que brotam em mim alternadamente, sem que eu tenha o menor controle sobre o seu surgimento. Eu até poderia em alguns casos pedir ajuda pra minha moral, mas como todos sabem, o meu superego está de licença médica. A boa notícia é que ele já saiu da UTI e está se recuperando bem. (risos)

Sendo assim, o máximo que posso fazer é falar a verdade, como estou fazendo agora, mas sei que haverá sempre os crentes e os descrentes...

E por fim, lhes peço: qualquer que seja o caso não se assustem e não me crucifiquem ! Independente do eu em vigor, o do anjinho ou o do diabinho, me arrisco dizer que o respeito está sempre presente.

Lembrem-se: de bem intencionados o inferno está cheio, assim como de mal intencionados o céu também está cheio !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Uma estória, uma vida, uma cantiga - 1a fase

Ele nasceu num dia nublado, quase chuvoso. Seu nome já tinha sido escolhido meses antes; João Pedro. Era o primogênito de um casal ainda apaixonado após quase três anos de união.
João deixou a maternidade sorrindo como se soubesse que sua aventura começara ali.
Seus primeiros meses de vida são divinos. Angela e Roberto curtem cada momento, cada novidade, cada susto. João é sereno, comilão e afável. Quase nunca chora e seus pais dão conta das responsabilidades sem dificuldade.
O pediatra, Dr. Michel, elogia os marinheiros de primeira viagem. A criança está saudável e responde a todos os estímulos básicos.
E assim o tempo vai passando, fazendo seu papel, contando a sua estória...

6o mês: João é batizado. Angela e Roberto não são religiosos, mas seguem a tradição da família, não há mal nenhum nisso. Os padrinhos são Flavia e Ricardo, vizinhos que se tornaram amigos e cuja filha, Julia, é da mesma idade de João.

1 ano: João dá seus primeiros passos e começa a balbuciar. João é rechonchudo e cheio de dobrinhas.

2 anos: Angela resolve trabalhar e matricula seu filho em uma creche. Ela está grávida de três meses...
Tudo parece bem, mas ao final do recesso escolar de verão, Angela e Roberto passam de carro com João em frente à creche e lhe perguntam se ele quer voltar. A criança chora copiosamente, sentindo como se ali não fosse o seu lugar. Esse episódio ficaria marcado para sempre na memória dos pais e do filho.

3 anos: João agora já está mais esperto. Tem certa habilidade com as palavras e impressiona a professora do centro de recreação. Ele está sempre junto com Carolina, sua melhor amiga e parceira de balanço. Eles às vezes trocam beijos inocentes e na saída se despedem com um abraço.

4 anos: Angela e Roberto se separam. João não entende o que se passa, mas está feliz por andar de caminhão. Angela, sem alternativas, vai morar com a mãe

5 anos: João agora mora com a avó, Laura, que adora os netos e faz todas as suas vontades. Maria, irmã de Laura, também ajuda a cuidar das crianças. João está no seu último ano de recreação e nos primeiros dias de aula descobre que sua "namorada" Carolina se mudou para o Nordeste. Ele fica triste, mas continua brincando, às vezes sozinho, às vezes não...
Nesse ano Laura decide ensinar matemática para as crianças. Ela só estudou até a sétima série, mas é boa com números. João e Victor, seu irmão que agora tem 3 anos, começam a aprender a tabuada, a somar e subtrair. Depois aprendem a multiplicar e dividir. No final do ano já sabem escrever algumas palavras e o próprio nome.
Além da matemática, Laura sempre lê para eles. Victor supreende todos decorando pequenos livros. Ele simplesmente dita as páginas sem errar...
João viaja para o mundo dos sonhos ouvindo as Histórias. Em sua cabeça ele muda o que não gosta e sempre quer um final feliz.

6 anos: João entra na escola primária e começa a ser alfabetizado. Ele conhece aquele que será o seu melhor amigo, Eduardo. Eles estão sempre juntos, embora tenham personalidades bem diferentes. Eduardo é hiperativo, brincalhão e falador, João é tranquilo, instrospectivo e observador.
Algumas aulas são chatas, porque a "tia" ensina o que João já aprendeu com sua avó. Ele só se confunde com o 7x8, mas rapidamente lembra que é o mesmo que 8x7. É um excelente aluno e ganha medalhas de honra ao mérito por suas notas.

10 anos: João e Victor possuem habilidades motoras que lhes rendem talento para vários esportes, exceto o futebol. Eles são convidados para serem atletas-mirins de um grande clube e em pouco tempo se destacam. João joga volei e Victor joga basquete.
Mas não é fácil, as crianças começam a andar de ônibus sozinhas e todos os dias depois da escola vão para o centro de treinamento. Chegam tarde em casa, cansados e com fome, mas felizes.
Seu tio Junior começa a lhes ensinar a desenhar e a tocar violão. Eles também aprendem um pouco de teoria musical e ouvem muitas estórias hindus quase mitológicas. Ambos têm talento pra música...

11 anos: Angela compra seu próprio apartamento após sete anos juntando dinheiro. Ele é pequeno, simples e não fica no local dos seus sonhos, mas é próprio, o que dá enorme satisfação e orgulho de si mesma. De início quase não há móveis e por exemplo, as refeições são feitas no chão da cozinha. Também não há faxineira e todos ajudam nas tarefas da casa. Victor gosta de cozinhar e essa tarefa é a de sua escolha a maioria das vezes. João prefere limpar e arrumar a casa. Os meninos continuam passando muito tempo na casa da avó, já que ela fica a apenas alguns quarteirões de distância.

12 anos: A situação de Angela está melhor e a mobília do apartamento já foi quase toda comprada, coisas simples e baratas conseguidas com muito suor. João está na 6a série e passa os recreios brincando com os meninos. Ele ganha o seu primeiro apelido, JP. As meninas da sua turma são mais maduras e já querem namorar, mas JP só tem olhos para Viviane, uma moça da 7a série que volta no mesmo ônibus escolar que ele...
Mas no final do ano as coisas mudam. Algumas meninas procuram JP e dizem que Daniele, uma morena de cabelos longos, muito bonita, está afim dele. Após alguns desencontros, eles finalmente se encontram na antiga escola de recreação onde João estudou, já na última semana aula. Eles conversam, se gostam e se beijam. É o primeiro beijo de João. A sensação é nova, esquisita, mas muito boa.
João e Daniele se encontram mais algumas vezes, vão em uma festa juntos, mas depois a vida os afasta.
Já próximo ao Natal João recebe um telefone inesperado de Viviane, ela vai fazer uma festa de aniversário e o convida. Ele se inunda de felicidade e pede roupas novas para Laura, que atende o neto sem hesitar. JP chega na festa cedo, com o intuito de conversar sozinho com Viviane, mas a festa começara cedo. Pra seu azar, ainda estava lá o rapaz querido de todas as meninas da 7a série, o Claudio baixinho. Ele tinha apenas 1,60m, mas sendo da 8a série e com um cabelo asa-delta graças ao pai, cabelereiro profissional, ele as encanta.
Lá pelas tantas começa a famosa "música lenta" acompanhada pela tradicional "dança da vassoura". João pensa que é sua grande oportunidade de dançar e beijar Viviane, mas os meninos mais velhos não dão a menor chance.
De repente o pai da aniversáriante interrompe a música e diz que chegou um convidado atrasado da família e que ela precisa ir cumprimentá-lo. Viviane pega JP pelo braço e o arrasta em direção ao elevador dizendo que precisa de sua ajuda para carregar alguns presentes. João, inocente, vai sem perceber as segundas intenções da moça.
Ao chegar em casa, Viviane cumprimenta os recém chegados e discretamente, em meio ao falatório vai com João para o seu quarto. Lá ela o beija de supetão !
Foi o melhor dia da vida de João !

Assim termina a primeira fase da vida de JP, a sua infância. Ele continua jogando Atari, soltando pipa e brincando na rua, mas não é mais criança e está cada vez mais perto da adolescência...


Saudações fraternais,

Fabio Machado

quinta-feira, 5 de março de 2009

Momento Poesia: Venha quando vier

Título: Venha quando vier
Autor: Fabio Machado

Sinto sua presença ao vento
Ela em tempo eu em tormento
Ponho-me a mirar o sento
Ela em senso eu ao relento

No primeiro encontro havia
Lindos dizeres, suma empatia
A noite pouco a pouco ouvia
Dois corações, pura energia

A cada passo torto que dou
Em cada nobre linha que lê
Mais você vê, há de me ter

A cada breve segundo que vive
Em cada toque do intenso beijo
Menos eu penso, mais te desejo

quarta-feira, 4 de março de 2009

Momento Poesia: À espera de uma paixão

Hoje me perguntaram se fui eu que escrevi esse soneto, então cabe aqui uma retratação e uma explicação. Desculpem-me por não ter citado a autoria antes !

Ontem aconteceu algo raro nos dias de hoje: tive insônia.
Na verdade, eu estava cansado de estudar Economia e com sono, mas me peguei pensando no meu falecido tio e a mente começou a viajar, viajar, viajar e eu não consegui domir. Quando não agüentei mais houve um "shutdown".

Mas tem dia que os planos da vida são diferentes dos nossos... Comecei a sonhar com formigas subindo nas minhas pernas e de repente acordei e dei um salto da cama ! Acreditem, senti várias coceiras e quando acendi a luz lá estavam elas. Eram dois formigões que só podem ter vindo de alguma outra dimensão, porque não tinha uma explicação normal pra eles estarem ali.
Infelizmente um deles eu matei quando acordei, mas outro teve a sorte de ser conduzido em segurança para a varanda... Vá em paz e de preferência não me morda novamente, porque eu tenho alergia a ácido fórmico !
Insone mais uma vez, eu resolvi escrever e acabei psicografando essa poesia.

Aproveitei pra mudar uma linha agora...


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


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Título: À espera de uma paixão
Autor: Fabio Machado

Se estou apaixonado é assim
Dou-me-lhe como um sonhador
Recubro de encantos e dor
O incólume trovador em mim

Beijo-te os lábios em sonho
Sem a tez poder sequer tocar
O subconsciente a imaginar
Que em teus braços enfronho

Venha cá meu grande amor
Seja minha enquanto for
Meu canal com o Criador

Em nosso reino unos seremos
Em vosso ninho repousaremos
E até a morte enfrentaremos