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domingo, 10 de outubro de 2010

Eu sou...

Pegando carona na ideia da minha amiga Raquel Medeiros do blog Bate e Rebate, resolvi desenferrujar meus dedos escrevendo sobre aqueles que fazem de mim quem eu sou.

Quem sou eu ? Filosofia , reflexões, materia, energia, erros, acertos ? Não ! Eu sou muito mais do que isso, eu sou a fraternidade dos meus irmãos Rodrigo e Guga, as brincadeiras com meus co-irmãos Dudu e Henrique, eu sou um terço da indissolúvel trindade F.ø.D.A, a compreensão do KK, o hedonismo do Dudu, a determinação do Gustavo, a receptividade do Wally, a argumentatividade do Marcio...

Eu também sou a perseverança da Aline, a dedicação da Camille, a extroversão da Dani, a emotividade contida da Ale, o carinho da Ju, a amizade da Dri, a espiritualidade da Tati, a objetividade da Cris, a complexidade da Maíra, a auto-análise da Julia, a racionalidade da Elizabeth, o holismo da Ana Luisa, a inteligência da Maria Luisa...

Ainda sou a riqueza e a diversidade das novas amizades, a expressividade da Raquel Medeiros, a arte conexa da Dani Marques, a positividade da Sandra Maria, a densidade da Raquel Garcia, o companheirismo da Tati Lima, o ecletismo da Raquel Oliveira...

Enfim, eu sou feito de uma pequena parte de cada pessoa marcante em minha vida, das explícitas e das ocultas, das presentes e das ausentes, das lembradas e das esquecidas, das antigas e das recentes. Eu me faço e refaço delas, me aproximando de mim mesmo através da sintonia que nos une. Eu sou a soma do que fui do antes até o agora, de alguns momentos mais relevantes do que outros sim, onde o todo é muito mais do que todas as partes juntas, mas cada detalhe tem um valor que só pode ser mensurado através da emoção, das lembranças, de cada sorriso fácil de criança que me cobre.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

domingo, 2 de agosto de 2009

Ele foi embora...

Ontem terminou mais uma etapa na minha vida, concluí meu MBA em Gestão Empresarial. Esse curso tem um histórico importante. Antes dele, eu já estava há quatro anos sem estudar, exceto de forma autodidata, então, em 2007, um dos meus melhores amigos me convidou pra fazer uma pós-graduação, disse que gostaria muito de estudar qualquer coisa junto comigo. Aquela proposta soou tão bem, que eu respondi de pronto: Claro ! Escolhe o que você quiser que eu te acompanho. Não sou maluco, só gosto de estudar por estudar... (risos insanos)

Entretanto, havia um problema, eu tinha que terminar oficialmente a graduação primeiro. Já tinha concluído as disciplinas, mas não tinha feito o projeto final. Detalhes a parte, eu que não ligo pra títulos, porque penso que não é um papel que vai mudar quem eu sou, sei que a sociedade valoriza a titulação e finalmente, graças a esse meu grande amigo, surgiu uma motivação forte o bastante pra eu me reposicionar.
Depois de alguns contratempos, discussões, insanidades, ajudas e noites em claro, em dezembro de 2007 peguei o diploma de engenheiro eletrônico e de computação de uma universidade federal. Pra minha mãe foi como se eu tivesse sido convidado pela NASA pra ser astronauta, meu pai ficou muito orgulhoso e meus outros pais também ficaram felizes, enfim, coisas normais de pais... Eu confesso que senti um certo alívio, mas... passou. (risos)

Na semana seguinte, lá estava eu fazendo a inscrição no MBA. O curso escolhido era perfeito, o que eu escolheria; o local, renomado; o ambiente, profissional. As aulas começaram em abril de 2008 e logo no primeiro dia de aula eu percebi que seria uma experiência valiosa. Pessoas interessantes, com formações e profissões as mais diversas, assuntos novos, aulas enriquecedoras... afinal, conhecimento é a maior arma do mundo !
Foi assim, nesse cenário, que eu passei os últimos dezoito meses. Sábados e mais sábados em intervalos quinzenais que me roubavam um dia de descanso e me davam várias alegrias em troca.
Ontem, após a última aula, eu fiz a minha retrospectiva. Estava a caminho do encontro de despedida num barzinho em Copacabana e tentei fazer uma avaliação macro e micro sobre esse período. Em meio a brindes, conversas e risadas fui construindo as idéias que se tornariam minhas lembranças, certamente boas lembranças.

Antes de tudo, o que vai ficar guardado são as pessoas, não podia ser diferente. Fiz novas amizades, algumas muito especiais, daquelas que a gente quer que durem pra sempre. Além dos amigos, encontrei também espíritos afins, daqueles que você fica sentido quando vão embora.
Além deles, o que eu senti é que experiências como essa são cada vez mais raras e mais importantes na minha vida. À medida que ficamos mais velhos - por diversos motivos - fazemos menos amizades novas e uma sala de aula é um dos locais que me permite reverter parcialmente esse processo. Eu gosto de pessoas...

Assim, após essas reflexões, eu fui me despedindo devagarzinho do curso, mas já planejando começar outro. (mais risos insanos)
E ao deixar a Sergipoca (sergipana-carioca) Isabela Mazza em casa, eu senti como se aquele fosse o fim. Deixei algumas lágrimas encherem os olhos, mas graças à felicidade que me abraçava, elas secaram sozinhas, como na música Tears dry on their own da Amy Winehouse.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


sexta-feira, 6 de março de 2009

Uma estória, uma vida, uma cantiga - 1a fase

Ele nasceu num dia nublado, quase chuvoso. Seu nome já tinha sido escolhido meses antes; João Pedro. Era o primogênito de um casal ainda apaixonado após quase três anos de união.
João deixou a maternidade sorrindo como se soubesse que sua aventura começara ali.
Seus primeiros meses de vida são divinos. Angela e Roberto curtem cada momento, cada novidade, cada susto. João é sereno, comilão e afável. Quase nunca chora e seus pais dão conta das responsabilidades sem dificuldade.
O pediatra, Dr. Michel, elogia os marinheiros de primeira viagem. A criança está saudável e responde a todos os estímulos básicos.
E assim o tempo vai passando, fazendo seu papel, contando a sua estória...

6o mês: João é batizado. Angela e Roberto não são religiosos, mas seguem a tradição da família, não há mal nenhum nisso. Os padrinhos são Flavia e Ricardo, vizinhos que se tornaram amigos e cuja filha, Julia, é da mesma idade de João.

1 ano: João dá seus primeiros passos e começa a balbuciar. João é rechonchudo e cheio de dobrinhas.

2 anos: Angela resolve trabalhar e matricula seu filho em uma creche. Ela está grávida de três meses...
Tudo parece bem, mas ao final do recesso escolar de verão, Angela e Roberto passam de carro com João em frente à creche e lhe perguntam se ele quer voltar. A criança chora copiosamente, sentindo como se ali não fosse o seu lugar. Esse episódio ficaria marcado para sempre na memória dos pais e do filho.

3 anos: João agora já está mais esperto. Tem certa habilidade com as palavras e impressiona a professora do centro de recreação. Ele está sempre junto com Carolina, sua melhor amiga e parceira de balanço. Eles às vezes trocam beijos inocentes e na saída se despedem com um abraço.

4 anos: Angela e Roberto se separam. João não entende o que se passa, mas está feliz por andar de caminhão. Angela, sem alternativas, vai morar com a mãe

5 anos: João agora mora com a avó, Laura, que adora os netos e faz todas as suas vontades. Maria, irmã de Laura, também ajuda a cuidar das crianças. João está no seu último ano de recreação e nos primeiros dias de aula descobre que sua "namorada" Carolina se mudou para o Nordeste. Ele fica triste, mas continua brincando, às vezes sozinho, às vezes não...
Nesse ano Laura decide ensinar matemática para as crianças. Ela só estudou até a sétima série, mas é boa com números. João e Victor, seu irmão que agora tem 3 anos, começam a aprender a tabuada, a somar e subtrair. Depois aprendem a multiplicar e dividir. No final do ano já sabem escrever algumas palavras e o próprio nome.
Além da matemática, Laura sempre lê para eles. Victor supreende todos decorando pequenos livros. Ele simplesmente dita as páginas sem errar...
João viaja para o mundo dos sonhos ouvindo as Histórias. Em sua cabeça ele muda o que não gosta e sempre quer um final feliz.

6 anos: João entra na escola primária e começa a ser alfabetizado. Ele conhece aquele que será o seu melhor amigo, Eduardo. Eles estão sempre juntos, embora tenham personalidades bem diferentes. Eduardo é hiperativo, brincalhão e falador, João é tranquilo, instrospectivo e observador.
Algumas aulas são chatas, porque a "tia" ensina o que João já aprendeu com sua avó. Ele só se confunde com o 7x8, mas rapidamente lembra que é o mesmo que 8x7. É um excelente aluno e ganha medalhas de honra ao mérito por suas notas.

10 anos: João e Victor possuem habilidades motoras que lhes rendem talento para vários esportes, exceto o futebol. Eles são convidados para serem atletas-mirins de um grande clube e em pouco tempo se destacam. João joga volei e Victor joga basquete.
Mas não é fácil, as crianças começam a andar de ônibus sozinhas e todos os dias depois da escola vão para o centro de treinamento. Chegam tarde em casa, cansados e com fome, mas felizes.
Seu tio Junior começa a lhes ensinar a desenhar e a tocar violão. Eles também aprendem um pouco de teoria musical e ouvem muitas estórias hindus quase mitológicas. Ambos têm talento pra música...

11 anos: Angela compra seu próprio apartamento após sete anos juntando dinheiro. Ele é pequeno, simples e não fica no local dos seus sonhos, mas é próprio, o que dá enorme satisfação e orgulho de si mesma. De início quase não há móveis e por exemplo, as refeições são feitas no chão da cozinha. Também não há faxineira e todos ajudam nas tarefas da casa. Victor gosta de cozinhar e essa tarefa é a de sua escolha a maioria das vezes. João prefere limpar e arrumar a casa. Os meninos continuam passando muito tempo na casa da avó, já que ela fica a apenas alguns quarteirões de distância.

12 anos: A situação de Angela está melhor e a mobília do apartamento já foi quase toda comprada, coisas simples e baratas conseguidas com muito suor. João está na 6a série e passa os recreios brincando com os meninos. Ele ganha o seu primeiro apelido, JP. As meninas da sua turma são mais maduras e já querem namorar, mas JP só tem olhos para Viviane, uma moça da 7a série que volta no mesmo ônibus escolar que ele...
Mas no final do ano as coisas mudam. Algumas meninas procuram JP e dizem que Daniele, uma morena de cabelos longos, muito bonita, está afim dele. Após alguns desencontros, eles finalmente se encontram na antiga escola de recreação onde João estudou, já na última semana aula. Eles conversam, se gostam e se beijam. É o primeiro beijo de João. A sensação é nova, esquisita, mas muito boa.
João e Daniele se encontram mais algumas vezes, vão em uma festa juntos, mas depois a vida os afasta.
Já próximo ao Natal João recebe um telefone inesperado de Viviane, ela vai fazer uma festa de aniversário e o convida. Ele se inunda de felicidade e pede roupas novas para Laura, que atende o neto sem hesitar. JP chega na festa cedo, com o intuito de conversar sozinho com Viviane, mas a festa começara cedo. Pra seu azar, ainda estava lá o rapaz querido de todas as meninas da 7a série, o Claudio baixinho. Ele tinha apenas 1,60m, mas sendo da 8a série e com um cabelo asa-delta graças ao pai, cabelereiro profissional, ele as encanta.
Lá pelas tantas começa a famosa "música lenta" acompanhada pela tradicional "dança da vassoura". João pensa que é sua grande oportunidade de dançar e beijar Viviane, mas os meninos mais velhos não dão a menor chance.
De repente o pai da aniversáriante interrompe a música e diz que chegou um convidado atrasado da família e que ela precisa ir cumprimentá-lo. Viviane pega JP pelo braço e o arrasta em direção ao elevador dizendo que precisa de sua ajuda para carregar alguns presentes. João, inocente, vai sem perceber as segundas intenções da moça.
Ao chegar em casa, Viviane cumprimenta os recém chegados e discretamente, em meio ao falatório vai com João para o seu quarto. Lá ela o beija de supetão !
Foi o melhor dia da vida de João !

Assim termina a primeira fase da vida de JP, a sua infância. Ele continua jogando Atari, soltando pipa e brincando na rua, mas não é mais criança e está cada vez mais perto da adolescência...


Saudações fraternais,

Fabio Machado