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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nem tão livre assim...

Às vezes me pego pensando em assuntos pesados, fora de qualquer contexto rotineiro. Não é nada planejado, as ideias apenas surgem no consciente e entro numa viagem interminável por entre racionalizações, conjecturas e alguns becos sem saída...
Um desses pensamentos recorrentes é sobre o relativismo, que diz que nada é absoluto, tudo é relativo. E na minha opinião uma das relatividades mais interessantes é sobre a verdade. Qualquer avaliação empírica nos leva a crer que não existe uma verdade absoluta, algo independente de juízo, de percepção ou de estado de consciência. A subjetividade cria, defende (e às vezes ofende), muda e destrói verdades, fazendo delas meras opiniões pessoais sem qualquer senso coletivo, quiçá universalismo.
Não é uma questão de correntes de pensamento que defendem ideias diferentes, a verdade absoluta não existe, pois não há unanimidade, consenso ou sequer uma convergência forte de ideias entre a humanidade.

Sendo assim, eu me pergunto: Sem uma Verdade pra nos embasar, qual a origem dos nossos desejos, das nossas vontades ? Por que escolhemos isso ao invés daquilo ?

Eu tive uma educação pautada no poder individual da escolha, o famoso livre arbítrio, que nos inputa responsabilidade por nossos atos e suas consequências, que nos torna capitães e juízes de nós mesmos, mas se eu não sei porque me tornei quem sou (incluindo-se todos os meandros desse processo) essa "ferramenta" perde toda a sua majestade e se reduz a uma simples causalidade do fluxo existencial.

É claro que é muito mais prazeroso pensar que eu sozinho tomei a decisão de escrever esse texto às três da manhã da segunda de Carnaval, mas talvez eu tenha que aceitar que eu apenas estou escrevendo, porque fiquei deitado na cama pensando nesse tema, porque tive insônia, porque estava frio no quarto, porque o ar condicionado foi ajustado da maneira errada, porque as pilhas do controle remoto estão em outro aparelho, porque eu nunca lembro de recarregá-las... enfim, talvez eu não seja tão livre assim.
Ainda bem que eu gosto de uma filosofia oriental que diz algo do tipo:


Tudo o que aconteceu é o que deveria ter acontecido !


Saudações fraternais,
Fabio Machado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Caminhos da Vida

Nunca fui de compromissos, de verdade não me importo com muito. Prezo por minha alma leve, meu espírito livre, meu tempo presente, mas alguns e "alguéns" me conquistam com tamanha competência que me entrego a um altruísmo fulminante. 


Mas o futuro me faz escravo de minhas incertezas e o passado, capataz de meus medos. E em meio a projeções temporais experimento uma quase misantropia que me aproxima dos limites da insanidade. Tudo perde o sentido. Viajo por céus, mares e desertos, até me reencontrar e aterrissar em desejos, criando raízes em sonhos e sentimentos.


Sigo adiante. Calço meus sapatos já gastos pela árdua jornada. Um, dois, três passos... E os calos me lembram a todo instante daquelas palavras irremediáveis: Resta-me viver, basta-me sentir.




Saudações fraternais,
Fabio Machado

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De dentro pra fora

Eu sou mudança, me enxergo de muitas maneiras, busco novas perspectivas a todo instante. Sinto o movimento da vida e meço sua velocidade com o pensamento. Talvez por isso eu seja louco, por não ser eu mesmo sempre, ou talvez assim eu me torne exatamente quem eu sou. Quem sabe ?
Não importa a referência, o tempo nunca pára. Mesmo imóvel, assisto seu desenrolar, seja no engatinhar das horas ou no correr dos segundos. Lá vai Ele de vento em popa, nos intrigando com suas (in)frequências... Lá vem Ele distribuindo teorias, absoluto em si, relativo em nós (ou será só em mim ?)
As armadilhas estão prontas, aguardando o próximo passo, todo cuidado é pouco e inútil, pois a isca é irrecusável: paradoxos ! Nada mais irresistível do que suas (in)coerências: o conhecimento desconhecido de um estranho, a visão imprevisível do futuro, o limite ilimitado do universo, a consciência insconsciente de Deus.
Sim, eu não sei, mas sigo, observando o antigo eu até me transformar no próximo. Não, eu sei e sigo, diante da mutabilidade imutável, crescendo de dentro pra fora até o tudo, o nada (...) o que fizer sentido na hora.

Saudações fraternais,
Fabio Machado.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sometimes we...

Sometimes we ask
Sometimes we answer
Sometimes we discuss
Sometimes we rubbish
Sometimes we shut
Sometimes we listen
Sometimes we talk
Sometimes we advise
Sometimes we wonder
Sometimes we desire
Sometimes we plan
Sometimes we pray
Sometimes we get
Sometimes we forget
Sometimes we remember
Sometimes we remind
Sometimes we doubt
Sometimes we loose
Sometimes we suffer
Sometimes we cry
Sometimes we harm
Sometimes we apologize
Sometimes we need
Sometimes we help
Sometimes we give
Sometimes we forgive
Sometimes we confort
Sometimes we hug
Sometimes we embrace
Sometimes we smile
Sometimes we win
Sometimes we attract
Sometimes we behold
Sometimes we hold
Sometimes we take
Sometimes we stay
Sometimes we walk
Sometimes we search
Sometimes we seek
Sometimes we go

...so far away from ourselves we don't know who we are anymore.

Couldn't we just BE always ?


Saudações fraternais,
Fabio Machado.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Da felicidade dos desencontros

Pensei que era você que sairia de manhã pra colher as flores do quintal que estariam em nossa mesa, imaginei que tu sentirias o perfume dos meus incensos, que usaria meus chinelos largos em seus pés. Mas a camisa de gola e manga longa nunca foi sua única veste nas manhãs de domingo, tudo não passou de um sonho doce... A existência se mostrou vilã de qualquer razão aparente. Nem os sentimentos suportaram o peso da ironia da vida. O presente, sempre diminuto, não viveu o suficiente pra nos unir em seu passado de lembranças férteis, ficamos apenas na imaginação do futuro inquietante. Toda a subjetividade estava ali, manifesta em nosso desencontro, nada além de um instante amorfo em meio a conformidade de escolhas divergentes. Sim, eu fui cercado pelo seu nome e sua indiferença me ordenou príncipe de um reino solitário, onde a desamparada existência foi, enfim, derrotada pela plenitude da essência. Quando, então, chorei... não de tristeza, mas pelo transbordamento de um oceano de certezas ao encontrar a Verdade.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

* Esse texto eu já tinha escrito no final de outro post, mas me disseram que ele merecia um lugar só dele.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um impulso

Um impulso. Era o que os separava do primeiro beijo. Seus olhares era um só, impassíveis; o tempo inerte, a mercê do ritmo ditado pelas batidas dos corações apressados. Corpos unidos pelas mãos emaranhadas e o leve toque dos ventres. O ar rarefeito como nas altas montanhas. Pra que respirar ? Mentes livres de qualquer inocência ou malícia; apenas o puro desejo, subjugando a dúvida no momento perfeito. Vida, viva, viva, agora ! Um impulso...


Saudações fraternais,

Fabio Machado

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ciclos

Lá estava ela, sentindo em suas ranhuras as forças da Natureza. O sol impiedoso a abraçava, fazendo reluzir seu tom avermelhado, mas envergonhada, se fechava. Seu tronco repleto de espinhos, cada um com sua história, com sua proeminência ameaçadora, marcando-a pelos anos de vida.
Protegia-se como quem está em apuros, guardava suas energias como quem quer viajar até o infinito. Respirava suavemente... Ao seu redor a vastidão do deserto. Nada além de grânulos minúsculos dançando uma valsa desmarcada. Suas raízes penetravam fundo o chão movediço, tentando alcançar o bálsamo da vida. Em vão...
Espalhava-se através dos ventos uivantes, tentando chegar ao oásis mais próximo. À noite, sonhava com a companhia de flores. Seu doce perfume se expandiria por ares virgens e os pássaros que antes apenas a sobrevoavam poderiam agora banhar-se nas mesmas águas que resgatariam sua exuberância e provariam do néctar que se enchia em sua boca. Estava aberta, entregue aos caprichos das estrelas, que iluminavam o caminho dos viajantes, que provocavam pedidos quando cadentes, mas que ignoravam a beleza dos seus contornos delicados.

Mas antes que pudesse sentir o amor correr em seu sangue, o astro-rei acordava de seu sono, vigoroso, imbatível, e mais um ciclo recomeçava, com a rosa em meio às dunas.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

*Texto inspirado pelo livro Rosas em Dunas
da minha amiga Yeung Luk Chong.

sábado, 25 de julho de 2009

Dos riscos e probabilidades no amor

A probabilidade é a tentativa inocente de quantificar os riscos, mas números não são capazes de representar a infinitude do Amor. Entregar-se ao universo é permitir que Deus faça as contas e abra as janelas da alma, deixando sua luz clarear o caminho que nos leva até Ele.
Enfrento as possibilidades de olhos fechados e coração exposto, aguardando que meu canal se abra.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


Não controlo a vida e nem quero. Confio no arquiteto.
O que parece dúvida é apenas prisão. Faço-me livre, então.
E espero meu grande amor, em união com o criador.

sábado, 18 de julho de 2009

Eu, tu, ele e nós

Ela o viu indo embora. Quanto mais ele se afastava, mais a realidade a invadia, cruel, impiedosa. A cada passo, uma pressão no peito; a cada pontada, um pedido de ar. Tamanha relatividade tomou-a que ela não mais sabia quem se movia, mas era certo que a distância entre eles aumentava, sentia-a em seu estômago.
Ele se perguntava o que fora causa e o que fora consequência. Sofria. Agoniava. Chorava... muito. A dor era tão forte que causava vertigens. Buscava apoio nas paredes próximas. Lutou o quanto pode. Já exaurido, sabia que uma hora teria de desistir, só não sabia quando. Sem forças, sem recursos, vencido pelas escolhas alheias, sucumbiu. Sua voz interior dizia: vá, siga, continue.
Ao desaparecer no horizonte, sua presença se fortaleceu. A inércia que a dominava vacilou e seu corpo se projetou adiante. Reequilibrou-se com seu pé direito, depois com o esquerdo. Quando sentiu o vento no rosto, já estava correndo. Solta em um labirinto de possibilidades, olhava ao redor, atenta, como um radar atrás de tesouros perdidos.
Andava em círculos, enquanto sua barba crescia. Não havia caminho certo, pois não havia destino. Tentava convencer-se com argumentos frágeis de que não havia alternativas. As imagens de antes ainda estavam vivas em sua mente. Sobrevivia. Vivia sobre. Faltava-lhe a inexistência de motivos pra ser feliz e procurá-los era um contrasenso. Parou. Respirou fundo, uma, duas, três vezes. Já estava longe e não sabia se conseguiria voltar. Dúvida. Medo. Não queria sofrer, mas o passado de repente pareceu mais seguro do que o futuro. Os olhos que agora o cercavam eram vazios, sem ao menos a indiferença dela e num movimento brusco girou seu corpo numa meia volta. A paz o brindou com um céu alaranjado e sentindo o frio tomar sua pele pôs-se em busca dos seus desejos.
Em meio a tantos desencontros, bastava-lhes um encontro, um reencontro. Parecia-lhes óbvio que suas chances eram maiores, pois já estiveram separados por meros receios.
Mas a vida tinha seus próprios planos, a todo instante mostrava-lhes sua soberania. De nada adiantava seus arrependimentos, eram como estranhos novamente, e então, só lhes restava aguardar que o universo conspirasse em seu favor e lhes desse outra primeira chance.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

P.S. A causalidade só existe para o Homem, que dança conforme o ritmo do Tempo. Para Chronos, cada movimento do relógio é único, independente, desvinculado dos demais. Passado, presente e futuro dão a luz ao sempre, onde temos que construir nossa felicidade constantemente.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

À luz de um olhar

Nunca mais esqueceu daquele olhar... Foram apenas segundos, mas seu coração bateu como por um dia inteiro. Torpor mental. Sinestesia. Silêncio ao invés de som.
Por que se foi ? Queria-o firme, certeiro, mas ele fugiu, desviou-se. Deixou a saudade de presente na memória delinqüente, presa entre lembranças vis. Para que ele alcançasse outras cores, permitiu-se chorar; para que ele encantesse outros olhos, permitiu-lhe seguir.

(...) e por muitos e muitos tempos o guardou, através dos latejos firmes em seu peito esquerdo, até que o sempre desvendasse-o e a escuridão desse lugar à sua luz.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

domingo, 12 de julho de 2009

Diz o barco à vela: seja meu porto !

Sinto, logo vivo. Arrisco minha vida, aposto meu amor, escalo encostas íngrimes por alguém que seja meu porto; onde eu possa ancorar quando precisar de combustível e de um guia, onde eu descanse após tempestades e furacões, de onde eu saia, revigorado, após algumas noites de sono tranquilo e alguns dias com o chão firme sob os pés.
Entrego-te meu espírito, meu perigo, meus mistérios. Como barco à vela que sou, ofereço-te paisagens inesquecíveis, brisas ternas e o aconchego do mar bêbado. Serei seu veleiro, aonde poderás viajar sempre que a quietude findar, de onde admirarás a bravura dos mares quando o marasmo tomar-te, que te devolverá à terra, revigorada, após algumas noites em claro sob o céu estrelado e alguns dias com águas azuis por todos os lados.



Saudações fraternais,

Fabio Machado.

sábado, 11 de julho de 2009

Por OSHO: Saia da concha

"Ser curioso é bom porque é assim que começa a jornada de questionamento da vida. Mas se você não for além dessa curiosidade, não haverá qualquer intensidade nisso. Talvez só pule de curiosidade em curiosidade como um barco à deriva, seguindo ao sabor das ondas, sem nunca ancorar em algum lugar.
A curiosidade é um bom ponto de partida, mas depois é preciso ficar mais passional. É preciso fazer da vida uma busca, não apenas uma curiosidade (...) São muitas as perguntas, mas a busca é uma só. Quando uma pergunta se torna tão importante que você se dispõe a sacrificar a própria vida por ela, então ela é uma busca. Quando uma pergunta tem tamanha importância, tamanho significado que você pode arriscar tudo o que tem, então ela se torna uma busca"

"Aposte todas as suas fichas. Seja um apostador ! Arrisque tudo, pois o momento seguinte não é uma certeza. Então, por que se importar com ele ? Por que se preocupar ? Viva perigosamente, viva com prazer. Viva sem medo, viva sem culpa. Viva sem nenhum medo do inferno ou sem ansiar o céu. Simplesmente viva."

"A morte é segurança, a vida é insegurança. Aquele que quer realmente viver deve viver no perigo, em constante perigo. Aquele que quer chegar no cume tem que arriscar se perder. Aquele que quer escalar o pico mais alto tem que correr o risco de cair de algum lugar, de escorregar."


Aponto a curiosidade como a minha maior virtude, mas tenho o defeito abissal de questionar toda busca a qual minhas perguntas dão origem. Vou fechar os olhos e abrir a alma. Talvez ela encontre o caminho...


Saudações fraternais,

Fabio Machado.


* Trechos do livro 'Faça o seu coração vibrar' do OSHO. Li em uma dupla de horas e recomendo.
** Obrigado, Srta. Claus-Monk.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Quando VOCÊ é a resposta...

Não importa o tamanho do problema, não importa a gravidade da ferida, não importa por quanto tempo houve dúvida, não importa sequer se foi feita uma pergunta... é maravilhoso quando a única certeza é que somos a resposta !




Answer
Autor: Sarah McLachlan

I will be the answer
At the end of the line
I will be there for you
While you take the time
In the burning of uncertainty
I will be your solid ground
I will hold the balance
If you can't look down

If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth it
Worth it in the end
Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all gone out
You'll still be burning so bright

Cast me gently
Into morning
For the night has been unkind
Take me to a
Place so holy
That I can wash this from my mind
The memory of choosing not to fight

If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth it
Worth it in the end
'Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all burned out
You'll still be burning so bright

Cast me gently
Into morning
For the night has been unkind


** Escrevendo em meio às lembranças do filme "Atonement".
Trailer do filme com a música: http://www.youtube.com/watch?v=dwZRSr_IDMs

(In)certezas II

Essa foi a minha resposta à pergunta dessa enquete:

Talvez falte mais intuição e menos percepção;
Talvez falte mais empatia e menos simpatia;
Talvez falte mais sinergia e menos energia;
Talvez falte mais interior e menos exterior;
Talvez falte mais "nós" e menos "eu";
Talvez falte mais presente e menos futuro;
Talvez falte mais flexão e menos reflexão;
Talvez falte mais serendipidade e menos causalidade;
Talvez falte mais ação e menos reação;
Talvez falte apenas um beijo roubado...

Dele vai surgir alguma certeza !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Meu reino por uma guerreira 4i

Sim, eu vou te libertar da prisão na torre, não pelo seu brazão, mas pra despir-te do véu que separa nossos lábios. Ajude-me, distraia os guardas, seduza-os com sua sabedoria e eu escalarei os muros altos que te envolvem. Só mais um pouco, estou quase chegando... Meu cavalo não é um alazão, mas um fiel escudeiro que nos conduzirá por entre montanhas e vales até nosso destino. O caminho será longo e tortuoso, não terás fortuna nem banquetes, mas a cada fração de tempo a existência nos abençoará com a vividez da verdadeira unidade, seremos Um, voltaremos ao Todo, conheceremos a Verdade.

Perceba-me como sou através dos quatro elementos que te fazem guerreira. Só assim a liberdade triunfará, pois em meu reino não há fronteiras, muralhas não guardam as fortalezas, somos nossas próprias igrejas, sem cruzes, sem juramentos, sem dogmas.
Travaremos batalhas, cúmplices, ora lado a lado, ora de costas um pro outro, cada um com seus dragões. Tome minha cota-de-malha, dê-me sua adaga e enfrentemos as trevas. Avante ! Ensina-me a usar minhas forças contra o mal e lutarei por nós. Lute comigo.

Contarei-lhe meus segredos, lhe entregarei meus votos e vetos pra que eles sejam seus. Encante-me com seus pensamentos e suas buscas, desperte o que há de melhor em mim e refute o que há de inútil. Serei menos eu para que sejamos mais nós. Venha comigo.
Mostre-me outros mundos e provarei suas sinestesias, leve-me a outros planos e acompanharei-te em espírito. Emane sua intensidade e refraterei-a até ti, criando um círculo atemporal, sem início, meio ou fim.

Haverá, enfim, tão somente, amor e o sempre !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

domingo, 24 de maio de 2009

Segredos

Ele tinha um segredo... gostava dela. Ninguém sabia, nem o diário, nem o melhor amigo, nem sua boca vacilante, que podia entregá-lo a qualquer momento. Nada podia fazer a não ser querer-lhe o bem, imaginar seu beijo e torcer pra que ela gostasse dele também. Pensava: Por que ela foge de mim ?
Apesar de guardar a inocência que outrora lhe coubera suspiros, já não tinha mais seus grandes trunfos, a irresponsabilidade e a despreocupação da infância. Queria entregar-lhe seu coração, mas suas neuroses o impediam. Queria declarar-se como fez Romeu, mas sua Julieta, furtiva, o inibia. Queria mais que tudo, tê-la em seus braços, mas... não a tinha.

Ela tinha um segredo... pensava nele. Ninguém sabia, só seu diário repleto de palavras emocionantes. Podia fazer tudo, mas mantinha guardados seus sentimentos, imaginando o encontro, torcendo para que o gostar dele detonasse o dela. Sonhava: Por que não me rendo a mim ?
Embora cultivasse muros vivos que a protegiam como dantes, ainda acreditava nos sonhos infantis, onde há príncipes e castelos. Queria libertar seu coração, mas suas neuroses a impediam. Queria ser salva como Rapunzel, mas seu amado, amendrontado, relutava. Queria mais que tudo, tê-lo recostado em seu colo, mas... não o tinha.

A Verdade também tinha um segredo... conspirava a favor deles. Ninguém sabia, exceto os anjos. Dava-lhes a consciência, a vida e a liberdade, mas escondia seus planos na relatividade do tempo. Provocava: Que me venham suas perguntas !
Ainda que construísse provas e frustrações, almejava a plena felicidade, no todo, no uno, no eterno. Queria que evoluíssem, mas dependia das suas escolhas. Queria que se iluminassem, mas aguardava que enxergassem o invisível. Queria mais que tudo, que fossem o que realmente eram... AMOR !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entre dois mundos

Mas uma manhã ele acordou pensando nela, mais um dia inpirado pelos seus encantos. Pegou seu pequeno bloco de notas e pôs-se a escrever versinhos inocentes, daqueles que se ouve na infância... Desejava encontrá-la e faria o possível e o impossível pra isso. Ao invés de levantar da cama, continuou deitado por alguns minutos e recostado em seu travesseiro, começou a sonhar acordado - O que será que ela está pensando agora ? Será que alguma vez pensou em mim ? Enquanto ele tentava adivinhar, o tempo passava resoluto. Ela certamente não tinha idéia do quanto ocupava a mente do jovem rapaz. Em seu sonho ele se tornava o que realmente era, parava diante da moça e com uma de suas pernas ajoelhada, entregava-lhe uma flor colhida por ele mesmo. O único que sabia do gesto lhe dissera: ela não é bonita como um princesa e vai te achar um verdadeiro bobo da corte ! Sim, estava certo, pois ela era linda como uma rainha e só um bufão real seria capaz de rir de si mesmo, caso ela o rejeitasse. O perfume floral aguçava-lhe os sentidos e de seu imo brotou uma linda poesia, sem rima, sem forma, mas deformada pelo amor, livre como ela o fazia sentir-se. Piegas, talvez; profano, nunca !
O despertador chamou-o de volta, mas ela não desapareceu, permaneceu viva nele. Apesar de estarem longe, a saudade consumia todo o espaço e a colocava tão próxima que ele via seu sorriso, sentia seu perfume, provava energias que por enquanto só existiam na sua imaginação.
Mas já era hora de transformar-se novamente. Com sua máscara em punho e seu pó mágico no bolso, ele cruzou a porta de seu quarto em direção à Ilusão. Sim, porque o Real era um reino distante, do qual só seria rei quando a tivesse ao seu lado. Por enquanto, ele era apenas o herói de si mesmo, vitorioso em sua nação solitária, derrotado pela percepção totalitária.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Momento esotérico: Mestre dos sonhos

Por que você não me deixa dormir ? Invade meu sono sem se mostrar, questiona minhas escolhas sem aqui estar, me dá conselhos sobre o meu caminhar...
Como sempre você está lá e eu cá. Talvez sua realidade seja o meu sonho, talvez meus sonhos sejam reais, talvez nada seja real, sei lá.
Alterego, imaginação, anjo ou guardião ? Te vejo como meu mestre me guiando em meio à escuridão.

- Eu estou conseguindo, seguindo o rumo certo ! - você disse.
- Estou indo pra onde, que não em frente ? Conseguindo o que ? - eu me pergunto
- "Ser eu mesmo" - eu me respondo sem pensar.

Mas você não está mais aqui pra validar minhas respostas que brotam das profundezas da minha mente, de algum gueto escuro, provavelmente inexplorado.
Agora já estou acordado, sem sono, meio dormente, admirando a aurora. E não adianta marcar encontro ! Sua agenda às vezes lota, não sei seu telefone, nem ao menos seu nome.
Por sua causa já li muitos livros, cantei muitos mantras e conheci filosofias, mas nunca você. Apesar da minha busca, continuo sem saber quem tu és. Por que ?
Só me confunde, quando me manda recados através de outros, se é que é você... Quando é assim, eu não ouço, porque eu durmo todos os dias e mesmo não "lembrando" todos os sonhos eu estou lá, te visitando no seu mundo.
Já é dia aqui. Ouço o som dos pássaros, o barulho dos carros, o tintilar das louças de quem toma seu desejum. Agora chega ! Já materializei meus pensamentos como você aconselhou. Vou tentar dormir de novo, mesmo na dúvida da sua coerência, porque em breve um novo dia vai começar...


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

VOCÊ

Sonhei com VOCÊ essa noite...

Foi tão real que senti seu perfume ! Como é possível ? Eu ainda nem te conheço... Mas te reconheço, você faz parte de mim, com sua camisola de cetim... sensualíssima !
Abro um bom vinho, tim-tim, brindamos ao nosso motim, contra o vós e o eles. Enfim, vitória; eu, você, nós vencemos ! Mais um gole, dessa vez eu te provo, você me repete. Olhos nos olhos, lábios mordidos, sedução... Um beijo ! Quase, foi na "trave". Pura provocação.

Eu te quero ! Sim, VOCÊ !

Um passo atrás. Cheiro de verbena. São velas espalhadas por todos os cantos. Um passo à frente. Toque. Choque. Suspiro ! O tempo parou, o som calou, o corpo se entregou. Mais, mais... mais ! Luxúria que nunca é demais ! Vem cá, me beija; bem devagar. Lábios macios, molhados, safados ! Pecado que não acaba, mas esquenta, fomenta, atenta, arrebenta a linha tênue entre a delicadeza e a exaltação. Deixo meu tronco pesar...

Desejo VOCÊ ! Vem pra mim !

A lua cumprimenta. Na varanda, enrolada no cobertor-que-se-esquenta, te venero. Por favor, não se mexa ! Deixe meus olhos eternizarem a perfeição. Ah, que sorriso gracioso. De canto de boca, dando à noite a plenitude que se lança ao céu, ao léu.
Chá de rosas. Rosas-chá, que se desfazem pelas minhas mãos e trilham o caminho da unicidade. Venha, não demore ! O tempo incansável me enfrenta e me ameaça. Encaro meus demônios com bravura noite adentro, o peito nu. Seu amor protegendo meu coração exposto. Luz. Calor. Suor.

Acordei com VOCÊ hoje cedo...


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

domingo, 26 de abril de 2009

Série: Pensamentos livres

Ela é livre, ele também. A liberdade os une em um sacramento místico, uma conjunção consubstanciada na paz e no amor. Entre todas, ele a quer; onde quer que seja, ela o quer. Cada instante se enche de associações à ela, o cheiro do incenso, o barulho da chuva, o frescor da brisa, o gosto cítrico da tangerina, o silêncio do sono assistido por um olhar admirado... Do outro lado, tudo remete a ele, o som da natureza, o abraço do amanhecer alaranjado, o café sem açúcar, o chinelo no canto. E apesar de estarem longe, estão juntos, em pensamento, em sonho, em desejo.
Cada encontro, uma estória; cada estória, uma lembrança; cada lembrança, muita saudade. Ambos sabem que não há distância que os separe, obstáculos que os atrapalhe, governo que os reprima.
"Sempre estarás comigo" - ele diz. Na eternidade de cada momento, no calor de todo movimento, na infinitude do firmamento - ela sempre responde.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.