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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A Instituição Machado

Já estou há bastante tempo sem escrever, mas as reflexões densas estão sempre no meu dia a dia... Nesse último ano muita coisa mudou na minha vida e os recentes percalços me permitiram observar alguns detalhes pessoais que antes passaram despercebidos. Não que eu seja alienado ou desapercebido, pelo contrário, eu tento me manter conectado ao meu eu, mas me perco de mim conscientemente, num ato de liberdade, de desapego, de resignação.

Depois de ver a única empresa onde trabalhei (desde estagiário, passando por técnico, consultor até gerente) encerrar suas atividades, eu me vi - mais uma vez - perdido e disse pra mim mesmo: Ótimo, uma encruzilhada... agora é só ler as placas, escolher um caminho e seguir em frente, sempre esperando dias melhores. 
Mas pra minha surpresa, eu não "entendi" as placas ao meu redor e não me alegrei com o iminente processo de mutação e recriação do meu eu (social). Dessa vez o presente mais parecia um labirinto e o futuro um túnel sem fim, me deixando totalmente desconfortável até mesmo com o próximo passo. Na verdade eu queria mesmo era proteger o meu status quo e lutar até a morte pela sua sobrevivência. Foi então que muita coisa passou a fazer sentido...

Mais do que a Instituição Social de Durkheim, eu soube que existia uma outra fortaleza sinistra me cercando, capaz de desestruturar radicalmente meu processo decisório e de irradiar sobre mim uma inércia arrebatadora. Eu que procuro escolher sem me preocupar com o mundo, encontrei um mundo de preocupações em mim mesmo e apesar de considerar meus processos internos de mudança bastante maduros e relativamente livres, eu percebi que sou um grande prisioneiro; um detento encarcerado na implacável Instituição Machado, a "famosa" organização existencial do eu.

Essa instituição é um verdadeiro paradoxo. A cada dia, a cada tijolo pilhado nós vamos construindo ao nosso redor muralhas, que nos mantém protegidos das ameaças do mundo externo, mas ao mesmo tempo adormecem nosso estado de alerta nos confinando atrás das barras da falibilidade do eu.
É um processo gradativo, validado pela fluidez e causalidade do tempo. Assim, a cada instante nós (porque acredito que todos nós passemos por algo semelhante) vamos consolidando uma realidade, que por mais certa e lógica que possa parecer nem sempre é o que parece.

Quando a vida por algum motivo me permitiu enxergar além da névoa que me obscurecia, eu me me vi totalmente fora do eixo, me afastando da minha essência como nunca fiz antes. Minha realidade profissional perdeu completamente o sentido e com ela se foram horas, dias, anos que dediquei a um propósito que agora se revelou infundado.
Mesmo assim,  a continuidade da vida não dá descanço e tenho que seguir em frente como qualquer um que busca qualquer coisa nessa existência. E foi assim que eu cheguei até a atual encruzilhada...

Parece fácil escolher, mas é irritante reconhecer que existe uma entidade nos tolhendo e essa entidade é você mesmo ! É desconcertante ficar estagnado diante de uma escolha aparentemente simples, não por receio do que o mundo vai pensar de você, mas por certeza de que você não sabe o que pensar de si ! E o requinte de crueldade é que a realidade continua a mesma, a estrada está ali, as placas também, você idem.

Foi difícil encontrar uma saída (e ainda nem sei se encontrei). Nada é mais difícil do que abandonar o eu, porque ele (o eu) é o nosso conforto, nosso solo firme, nossa única certeza absoluta. Destruir a Instituição Machado significa levar à falência o certo e fugir dessa fortaleza é como saltar no vazio sem saber quantos instantes de oxigênio ainda me restam.

Mas por mais que o tempo exerça enorme pressão e a Instituição Social ainda esteja na próxima curva nada é mais importante do que a minha essência, a minha verdade incontestável, onde me encontro integralmente e por onde me conecto com Deus.
Minha decisão ?!?!? Por enquanto eu decidi ficar perdido. A incerteza sobre o eu me confere uma grande certeza: Eu sou (ponto) !

O resto é com a vida... Que venha o fururo ! Se não der certo eu "fujo" pra Visconde de Mauá... (risos)


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Nem tão livre assim...

Às vezes me pego pensando em assuntos pesados, fora de qualquer contexto rotineiro. Não é nada planejado, as ideias apenas surgem no consciente e entro numa viagem interminável por entre racionalizações, conjecturas e alguns becos sem saída...
Um desses pensamentos recorrentes é sobre o relativismo, que diz que nada é absoluto, tudo é relativo. E na minha opinião uma das relatividades mais interessantes é sobre a verdade. Qualquer avaliação empírica nos leva a crer que não existe uma verdade absoluta, algo independente de juízo, de percepção ou de estado de consciência. A subjetividade cria, defende (e às vezes ofende), muda e destrói verdades, fazendo delas meras opiniões pessoais sem qualquer senso coletivo, quiçá universalismo.
Não é uma questão de correntes de pensamento que defendem ideias diferentes, a verdade absoluta não existe, pois não há unanimidade, consenso ou sequer uma convergência forte de ideias entre a humanidade.

Sendo assim, eu me pergunto: Sem uma Verdade pra nos embasar, qual a origem dos nossos desejos, das nossas vontades ? Por que escolhemos isso ao invés daquilo ?

Eu tive uma educação pautada no poder individual da escolha, o famoso livre arbítrio, que nos inputa responsabilidade por nossos atos e suas consequências, que nos torna capitães e juízes de nós mesmos, mas se eu não sei porque me tornei quem sou (incluindo-se todos os meandros desse processo) essa "ferramenta" perde toda a sua majestade e se reduz a uma simples causalidade do fluxo existencial.

É claro que é muito mais prazeroso pensar que eu sozinho tomei a decisão de escrever esse texto às três da manhã da segunda de Carnaval, mas talvez eu tenha que aceitar que eu apenas estou escrevendo, porque fiquei deitado na cama pensando nesse tema, porque tive insônia, porque estava frio no quarto, porque o ar condicionado foi ajustado da maneira errada, porque as pilhas do controle remoto estão em outro aparelho, porque eu nunca lembro de recarregá-las... enfim, talvez eu não seja tão livre assim.
Ainda bem que eu gosto de uma filosofia oriental que diz algo do tipo:


Tudo o que aconteceu é o que deveria ter acontecido !


Saudações fraternais,
Fabio Machado.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Caminhos da Vida

Nunca fui de compromissos, de verdade não me importo com muito. Prezo por minha alma leve, meu espírito livre, meu tempo presente, mas alguns e "alguéns" me conquistam com tamanha competência que me entrego a um altruísmo fulminante. 


Mas o futuro me faz escravo de minhas incertezas e o passado, capataz de meus medos. E em meio a projeções temporais experimento uma quase misantropia que me aproxima dos limites da insanidade. Tudo perde o sentido. Viajo por céus, mares e desertos, até me reencontrar e aterrissar em desejos, criando raízes em sonhos e sentimentos.


Sigo adiante. Calço meus sapatos já gastos pela árdua jornada. Um, dois, três passos... E os calos me lembram a todo instante daquelas palavras irremediáveis: Resta-me viver, basta-me sentir.




Saudações fraternais,
Fabio Machado

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Recomeço

Escrever é me libertar de mim mesmo, é imprimir minhas idiossincrasias sem rédeas e dividir pelo menos comigo mesmo meus sonhos codificados em palavras fraseadas. É quando meu coração bombeia mais do que oxigênio, quando emana sua energia em todas as direções, esperando que ela alcance a verdadeira felicidade que me torna um elo de paz e amor.

Escrever é conversar com o universo e com sorte dialogar, num mundo onde a impaciência, a superficialidade e a inquietude fazem da vida uma novela de cenas curtas e improvisadas. É como meu (in)consciente se comunica e se transforma num movimento de busca (sem objeto direto).

Escrever é (re)conhecer os cantos sombrios e a vastidão da própria mente. É onde posso ser o que sou a cada momento sem ser pressionado por justificativas nem mesmo explicações que evidenciem algum padrão.

Escrever é encontrar afinidades em coisas e pessoas e dar um salto de fé em direção ao desconhecido. É o que me permite aventurar-me por entrelinhas, reticências, exclamações e interrogações sem me preocupar com parágrafos, vírgulas e pontos finais.

Escrever é registrar a própria humanidade com seus erros, covardias, imperfeições. Por que não ?

Esse é um recomeço, recheado de agradecimentos, homenagens e resoluções...


Saudações fraternais,
Fabio Machado

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Coisas que só acontecem comigo

Estou no meio de uma viagem pela Europa a trabalho. Passei quatro dias na Noruega e nos últimos dois dias iria para a Alemanha apenas para conhecer uma empresa no interior do país, numa “cidade” de 800 habitantes !!! É isso mesmo, esse deve ser o mesmo número de pessoas que moram no meu condomínio... risos.
Pra chegar em Thierstein eu precisaria pegar um avião bimotor, do tipo que já aparece em alguns museus, até uma cidade a 40Km de lá, mas a cia aérea não quis emitir o bilhete desse trecho, porque como é inverno, a chance de neve e vento comprometerem o vôo era muito grande. Acabei tendo que ir de trem pra uma cidade chamada Marktredwitz, a mais perto do vilarejo.

Beleza, o sistema ferroviário alemão é excelente, comprei os bilhetes ainda no Brasil pela Internet, a empresa alemã me buscaria e haveria um jantar de recepção.
Mas é claro, não poderia ser assim tão fácil... Na minha conexão em Oslo eu já senti cheiro de mer%$#@. O aeroporto estava coberto de neve, que não parava de cair. O voo pra Frankfurt atrasou mais de uma hora e eu perdi todos os trens que poderiam me levar pra Thierstein a tempo pro jantar. Fora isso eu tinha que avisar aos anfitriões do atraso e nem eu, nem meus colegas de trabalho no Brasil conseguíamos falar com eles.
Consegui pegar a última rota de trens disponível no dia e chegaria às 23:12H em Marktredwitz e como o hotel era em frente à estação, seria tranqüilo. Ledo engano !

Fiz baldeação em Nürnberg pra pegar um trem regional até meu destino. De cara mais cheiro de mer%$#@, um carinha claramente drogado veio me pedir dinheiro (em alemão, porque no interior pouca gente fala inglês). Fingi que não entendi e o maluco cismou de tentar me explicar... Finalmente eu disse que não e ele foi embora praguejando.

O trem regional chegou em seguida, mas o cheiro não ia embora ! No sistema de som não falavam mais inglês como no trem anterior. Tive então a idéia (de jerico) de colocar o meu celular pra despertar cinco minutos antes do horário de chegada. Pô, todas as vezes que estive na Alemanha os horários eram cumpridos com perfeição, não deveria ser diferente dessa vez. Mas foi...

O celular tocou, eu fiquei alerta e exatamente às 23:12H o trem parou. Tinha uma única alma comigo no vagão, um rapaz de uns dezesseis anos, então, gastando todo o meu alemão ridículo e o meu inglês eu perguntei: Aqui é Marktredvitz ? O rapaz respondeu que sim.

Saltei felizão e o cheiro já impregnado... Tudo escuro, deserto, frio pra cacete e nada de hotel, só casas. Andei pra lá, andei pra cá e nada. Decidi voltar pra estação e finalmente me dei conta que estava no lugar errado. Pensei comigo: por mais que o trem tenha se atrasado eu devo estar perto. Ou eu fico aqui congelando ou eu vou andando. Acordei meu anjo da guarda e fui embora seguindo a rua paralela aos trilhos.

Vejo ao longe um carro e faço sinal. Ele passa direto. Depois outro e outro, e nada. Claro ! Quem é que vai parar pra um maluco arrastando mala no meio da rua de “madrugada” ?!?!

Depois de uns quinze minutos andando cheguei num entroncamento e vi um estacionamento e um carro parando na minha direção. Já agradeci meu anjo cheio de certeza de era alguém que tinha me visto e decidido me ajudar...

Dei a volta no carro até o lado do motorista e quando aceno com a mão pro rapaz que estava ao volante, ele meio que leva um susto e trava o pino da porta. Eu me segurei pra não rir ! Pra um brasileiro e carioca a situação não podia ser mais pitoresca.

Não sei bem porque, mas o cara abriu o vidro e comecei a me explicar. Eram quatro jovens, três homens e uma moça, e logo percebi que eles não estavam ali pra me ajudar, então decidi apenas confirmar se estava andando na direção certa. Foi uma luta até eles entenderem minha situação e o que eu queria. Fiz questão de falar que era brasileiro, o que é sempre um ótimo cartão de visita. Depois eles ficaram falando alemão entre eles por um tempo (e eu sem saber o que fazer). De repente a menina abre a porta de trás, sai do carro e me diz - a gente vai te levar - seguindo para abrir o porta-malas.

Eu nem acreditei ! Com um sorriso de orelha a orelha, agradeci e acomodei minhas bagagens antes que eles mudassem de idéia. Entrei no carro e eles me disseram que a pé eu andaria mais de dez quilômetros e que um dos trechos era perigoso. Perigoso ? Sei...

Depois foi só alegria, fomos “conversando” sobre o Rio de Janeiro e seus pontos turísticos, Carnaval, futebol e outras amenidades. Chegando no hotel, eu ofereci um dinheiro pra gasolina, mas eles gentilmente recusaram. Deixei então um cartão de visita com cada um e disse que se precisassem de qualquer coisa no Brasil, eu estaria à disposição. Disse que eles tinham me salvado, agradeci mais uma centena de vezes e eles se foram.

Pra fechar com chave de ouro um último susto... o hotel onde eu tinha reserva fechava meia-noite (surreal !!!). Eu cheguei faltando dez minutos pra esse horário, mas a porta estava fechada e bateu aquele frio na barriga. Não tinha campainha e depois de bater no vidro algumas vezes finalmente apareceu uma polaca cheia de sono, doida pra ir pra casa. Ufa !

Agora chega de trabalho, vou passar uma semana de férias na Espanha. Vamos ver o que acontece.





Saudações fraternais,



Fabio Machado.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Não leve a vida tão a sério (cont.)

Mesmo nesse período agitado de festas e comemorações, eu tive alguns poucos feedbacks sobre o meu último post. Pelo visto, algumas ideias precisam ser mais elaboradas e vou aproveitar essas primeiras horas de 2011 pra fazer isso.

Na minha visão, tudo o que percebemos como realidade está interconectado, é como se todos os seres vivos e os inanimados fizessem parte de uma rede ou parafraseando Fritjof Capra, de uma Teia da Vida. Qualquer ação proveniente de um integrante dessa rede afeta ele mesmo e os que estão à sua volta: um leão que mata uma zebra bebendo água, uma flor que libera seu pólen no ar, um motorista que xinga sem motivo alguém no trânsito, uma topada que damos no dedo mínimo do pé, uma represa construída, tudo isso tem consequências que desconhecemos até que elas aconteçam e mesmo quando acontecerem, talvez não consigamos relacioná-las com uma causa específica. Assim, é possível que o mal humor do motorista por machuchar o dedo do pé tenha provocado o xingamento gratuito ao dirigir pro trabalho, é possível que a zebra morta tenha deixado de comer a flor que polinizou o ambiente, é possível que a água evaporada da represa tenha provocado uma tempestade que formou um lago onde a zebra bebeu água e foi morta pelo leão, e essa cena, ao passar no Discovery Channel®, distraiu o motorista fazendo com que ele desse uma topada com o pé. Enfim, tudo é possível e causal, mas ao mesmo tempo imprevisível e incontrolável.

Sendo um sistema vivo, a Vida se manifesta livremente através dessas sucessivas causas e consequências. As leis que o regem são as que inventamos como o Direito, as que observamos como as Leis da Física e as leis que herdamos, como as da Natureza em geral. Há ainda forças veladas e oficiosas, que eu chamo de Lei da Maioria e Lei da Fama, assuntos pra outro texto.
Entre os objetivos, há por exemplo a busca pela perpetuação, pela otimização energética e pela evolução sistêmica, esse último um conceito pessoal.

Entretanto, a grande questão dessa filosofia está nas ações, porque na minha opinião não importa o que cada um faça, nem as leis nem os objetivos mudam. É claro que cada ação conduz o sistema a um estado específico, mas não há mudança sistêmica. Assim, pra Vida não faz diferença se eu sou rancoroso, se eu mato mosquitos, se eu sou ciumento, se faço trabalho voluntário, se eu sou vaidoso, se eu tenho depressão ou muitos amigos, se eu vivo cem anos ou se morro de estresse aos quarenta. Agir de um jeito ou outro é relevante apenas num aspecto individual ou no máximo microsistêmico.

Por esse motivo, eu acredito que a melhor estratégia para contribuir positivamente para os objetivos do todo é fazer o melhor pra si mesmo e consequentemente para o sistema. Parece um propósito egoísta, mas a inexistência de uma Verdade absoluta e o poder do livre-arbítrio individual impedem que seja concebido um plano coletivo eficiente para conquistar o sucesso sistêmico. Talvez se soubéssemos de onde viemos, existisse paz e harmonia na Terra, talvez se Deus vivesse fisicamente entre nós, os Homens “seguissem” uma única religião ou nenhuma, talvez se houvesse um consenso sobre o que acontece após a morte, os seres humanos cultivassem uma mesma Ética.
Enfim, felizmente ou infelizmente nosso universo ainda é muito relativo, extinto de qualquer unanimidade e uma opção é concentrar nossos esforços em nós mesmos. É possível conhecer o que é melhor pra si próprio a partir da convivência social, dos erros e acertos, alegrias e tristezas, conquistas e frustrações, usando o sistema a nosso favor e tornando-se um ser mais “evoluído“. Com essa postura acredito que temos mais chance de influenciar positivamente nossos próximos e fazer do mundo um lugar melhor. Portanto, digo e repito, não leve a vida tão a sério !


Saudações fraternais,
Fabio Machado.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Não leve a vida tão a sério

Eu acredito que a Vida seja um sistema livre, independente da existência de um Observador Externo, um Deus, um Arquiteto que admira sua obra; e se não há controle ou determinismo, nosso livre arbítrio se torna uma arma poderosa ! Essa ideia não é incompatível com qualquer conceito "extra-mundano", pois mesmo Dharmas, Karmas, obsessões, milagres... manifestam-se no plano terreno, seja nessa vida (ou em outra para os que como eu acreditam), e se somos capazes de perceber ou reconhecer esses fenômenos somente aqui, minha crença não desabona outros planos existenciais.

Então, de maneira super simplificada, a Vida pode ser interpretada como um supersistema, um conjunto de entidades que interagem através de fluxos de materia, energia e informação, respeitando regras e buscando objetivos (conscientes ou não). Por exemplo, num ecossistema primário um dos objetivos é perpetuar-se e as regras são as leis da Natureza.
Uma boa abstração a partir desse ponto me fez pensar um dia que sou apenas um microssistema que processa os inputs que recebe do mundo e entrega de volta outputs personalizados para uma rede incomensurável de microssistemas que fazem a mesma coisa. Agimos em função de leis que herdamos, de leis que observamos e de leis que inventamos, mas Eu não controlo nada, Eles também não. E se não há controle externo e nem interno... tcharam... o sistema é livre ! Toda a sensação de que controlamos e somos controlados é uma grande ilusão, que acaba afetando a forma como funcionamos (entenda-se vivemos). Esse é o primeiro ponto importante desse devaneio...

O segundo ponto chave dessa questão existêncial é a pergunta: faz diferença pra Vida (supersistema) como cada entidade (microssistema) funciona ? A minha resposta é: NÃO !
Nem mesmo a morte de uma entidade qualquer é capaz de mudar a Vida, na medida em que não altera nem as leis que a regem, nem os seus objetivos.
Sou, então, obrigado a me questionar o seguinte: Qual é o objetivo do supersistema Vida ? A minha resposta hoje é: EVOLUIR !
Apesar de evolução ser por si só um conceito complexo, essas duas respostas objetivas me levam a uma conclusão importante: Para o bem da vida, eu sou o que há de mais importante pra mim mesmo !

Esse objetivo da Vida só será alcançado, mesmo que de maneira não-linear e incontrolada, se cada um de nós evoluirmos individualmente. É a partir dessas resoluções que eu tento incorporar o máximo de positividade possível, o tempo todo, tentando não me deixar abater pelos "desprazeres" por muito tempo.  Esse é o melhor presente pra mim e, quem sabe um dia, pra todos nós.

Portanto, minha mensagem natalina se resume a uma frase: não leve a vida tão a sério !


Saudações festivas,
Fabio Machado.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De dentro pra fora

Eu sou mudança, me enxergo de muitas maneiras, busco novas perspectivas a todo instante. Sinto o movimento da vida e meço sua velocidade com o pensamento. Talvez por isso eu seja louco, por não ser eu mesmo sempre, ou talvez assim eu me torne exatamente quem eu sou. Quem sabe ?
Não importa a referência, o tempo nunca pára. Mesmo imóvel, assisto seu desenrolar, seja no engatinhar das horas ou no correr dos segundos. Lá vai Ele de vento em popa, nos intrigando com suas (in)frequências... Lá vem Ele distribuindo teorias, absoluto em si, relativo em nós (ou será só em mim ?)
As armadilhas estão prontas, aguardando o próximo passo, todo cuidado é pouco e inútil, pois a isca é irrecusável: paradoxos ! Nada mais irresistível do que suas (in)coerências: o conhecimento desconhecido de um estranho, a visão imprevisível do futuro, o limite ilimitado do universo, a consciência insconsciente de Deus.
Sim, eu não sei, mas sigo, observando o antigo eu até me transformar no próximo. Não, eu sei e sigo, diante da mutabilidade imutável, crescendo de dentro pra fora até o tudo, o nada (...) o que fizer sentido na hora.

Saudações fraternais,
Fabio Machado.

sábado, 6 de novembro de 2010

Inferno

Estou puto. Preciso desabafar e escrever é um santo remédio nessas horas pra mim. Não leia, não divulgue, não copie e muito menos repasse esse texto, pois ele não fará bem.

Fui assitir o filme Tropa de Elite 2 no cinema agora há pouco e cheguei a uma conclusão desconsertante: ou eu sou um emissário do inferno e a minha natureza demoníaca me permitiu acreditar no conteúdo de um filme ficcional ou eu estou no próprio inferno !
Vivo, então, um dilema, porque eu não quero ser um demônio e muito menos viver no "mundo" deles.

O filme é um soco no estômago que em mim doeu MUITO. A realidade apresentada é mais do que Dantesca, Maquiavélica ou Nietzscheniana, ela é simplesmente má na ascepção mais básica da palavra. Eu tenho noção da existência de uma corrupção sistêmica, isso se aprende em qualquer diretório acadêmico melhorzinho, eu tenho noção da dualidade bem versus mal, isso meus pais me ensinaram da melhor maneira possível, eu tenho noção da idiotice política atual, que pode ser notada por quem conhece o básico do básico do básico da história grega; eu não tinha noção era da aberração que controla a minha vida. Sim, o "sistema" mencionado na película é um monstro sem corpo, sem forma, sem identidade, vivo, onipresente, adaptativo e auto-sustentável (f#%&*-se a reforma ortográfica).

Esse ente abominável não depende de mim, porque dependência pressupõe que eu teria algum poder. Pelo contrário, ele me usa ao seu bel prazer como um mamulengo abobalhado, faz de mim o que bem quer sem que eu possa sequer cogitar direitos ou deveres.
Nele a democracia se tornou uma realidade alternativa e o caos, o que é real; a ética deixou de ser sustentáculo, quando o poder a colocou no "microondas"; a polícia deixou de simbolizar a ordem, porque o dinheiro tomou o seu lugar; o governo, um dia representação do povo, hoje é uma piada de muito mau gosto.
Talvez a única coisa que tenha permanecido inalterada seja a lei da maioria, mas essa, infelizmente, é cega, surda, muda e acima de tudo, pobre, pobre de espírito, pobre de caráter, pobre de recursos...

Nesse momento de revolta, não vejo porque ser honesto, correto e cidadão de bem, se são os meus impostos, o meu estilo de vida e a minha educação o combustível dessa máquina mortífera.
Como se não bastasse, ainda enfrento uma inércia existencial circunscrita às minhas inconsciência coletiva e consciência individual.
Enfim, estou atolado na merda até o pescoço, mas não sinto o fedor, porque graças à minha apatia, eu já me acostumei com ele. O problema são os outros narizes...


Saudações infernais,

Fabio Machado

domingo, 10 de outubro de 2010

Eu sou...

Pegando carona na ideia da minha amiga Raquel Medeiros do blog Bate e Rebate, resolvi desenferrujar meus dedos escrevendo sobre aqueles que fazem de mim quem eu sou.

Quem sou eu ? Filosofia , reflexões, materia, energia, erros, acertos ? Não ! Eu sou muito mais do que isso, eu sou a fraternidade dos meus irmãos Rodrigo e Guga, as brincadeiras com meus co-irmãos Dudu e Henrique, eu sou um terço da indissolúvel trindade F.ø.D.A, a compreensão do KK, o hedonismo do Dudu, a determinação do Gustavo, a receptividade do Wally, a argumentatividade do Marcio...

Eu também sou a perseverança da Aline, a dedicação da Camille, a extroversão da Dani, a emotividade contida da Ale, o carinho da Ju, a amizade da Dri, a espiritualidade da Tati, a objetividade da Cris, a complexidade da Maíra, a auto-análise da Julia, a racionalidade da Elizabeth, o holismo da Ana Luisa, a inteligência da Maria Luisa...

Ainda sou a riqueza e a diversidade das novas amizades, a expressividade da Raquel Medeiros, a arte conexa da Dani Marques, a positividade da Sandra Maria, a densidade da Raquel Garcia, o companheirismo da Tati Lima, o ecletismo da Raquel Oliveira...

Enfim, eu sou feito de uma pequena parte de cada pessoa marcante em minha vida, das explícitas e das ocultas, das presentes e das ausentes, das lembradas e das esquecidas, das antigas e das recentes. Eu me faço e refaço delas, me aproximando de mim mesmo através da sintonia que nos une. Eu sou a soma do que fui do antes até o agora, de alguns momentos mais relevantes do que outros sim, onde o todo é muito mais do que todas as partes juntas, mas cada detalhe tem um valor que só pode ser mensurado através da emoção, das lembranças, de cada sorriso fácil de criança que me cobre.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quando a vida vale a pena...

No meio desse universo de imperfeições, há certos momentos em que a vida realmente vale a pena... Assim senti ao receber essa mensagem de um grande amigo.

(ABRE ASPAS)
Fabio,

Não tenho palavras para agradecer o que você fez por mim, você é uma pessoa muito especial, você toca a vida das pessoas que estão em sua volta e as transforma para melhor, e nem parece se esforçar, faz isso sendo você mesmo. É altruísta, equilibrado, o mundo seria um lugar melhor se houvesse mais pessoas como você. Mais do que um amigo, você é como se fosse meu terceiro irmão, por ironia, mais velho. Espero que você nunca precise, mas se um dia precisar, faço questão de, entre os tantos amigos que você faz na vida, ser o aquele que estará disponível, o primeiro a lhe ajudar, e pode contar com isso.

Um grande abraço,
XXX
(FECHA ASPAS)

Sou o que sou, e sempre serei, a cada momento, mutável, falível, possível, buscando a sustentável leveza que me conduz para cima, para o alto. Vamos ?


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A vida ou a SUA vida ? Reflexões

Foram muitos comentários interessantes sobre o post anterior, algumas conversas profundas, contudo, o mais curioso foram as associações que algumas pessoas fizeram com a morte. Como o próprio título já diz, o texto é sobre a vida, talvez contextualizada de maneira muito material, mas ainda sim esse é o foco.




Como alguns perceberam, uma vez dentro da sala, qualquer alternativa escolhida levaria à morte. A questão fundamental era a escolha entre a própria vida ou a vida.

A dúvida pode ser interpretada como o medo do sofrimento, o medo do desconhecido. Entretanto, temos aqui um paradoxo, pois se para evitar o sofrimento próprio, uma pessoa decidisse não apertar nenhum botão, era estaria escolhendo o próprio sofrimento. No meu entendimento, não apertar nenhum botão é a pior alternativa.



Talvez a escolha de viver sozinho não seja uma morte óbvia, mas mesmo os heremitas estão ligados à sociedade na medida em que a negaram. A negação é o vínculo entre os dois e além disso, a qualquer momento esse indivíduo solitário sabe que pode "voltar". O vínculo e o livre arbítrio o tornam vivo.
Já um sobrevivente verdadeiramente sozinho não tem opção. Sem o feedback de outras pessoas, sem seus espelhos, ela não será capaz de se reconhecer, perderá sua identidade e assim, morrerá, mesmo que seu coração ainda esteja batendo.


Isso acontece porque a vida é muito mais do que um conjunto de reações bioquímicas, do que um aglomerado de moléculas, muito mais do que a consciência em si. A vida é uma rede viva, pulsante e dinâmica, inteligente a ponto de aprender consigo mesma e evoluir. A vida é criação, destruição e recriação além de seus limites imagináveis. A vida é a pura inspiração !



Enfim, o teste nada mais era do que uma forma de avaliarmos se a existência individual é mais importante que o princípio vital universal. Na minha opinião, a minha vida não é o que há de mais importante, apesar de só eu poder vivê-la. Eu apertaria o botão que me mataria, consciente de que estaria preservando algo que está além do tempo, além do espaço, muito além de mim.
Sem mim a vida continua fazendo sentindo, mas sozinho eu não faço.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A vida ou a SUA vida ?

Estou de volta ! Bem, mais ou menos... De um tempo pra cá, pra escrever eu tenho que deixar de fazer alguma coisa e hoje eu decidi exercitar a mente.
Esses dias eu estava conversando com uma amiga e por algum motivo começamos a falar sobre a importância da vida. A conversa evoluiu pra um teor mais filosófico e debatendo sobre altruísmo versus egoísmo, eu levantei a seguinte questão: O que é mais importante, a vida em si ou a vida de alguém ?

É comum ouvir das pessoas que sua própria existência está em primeiro lugar e esse conceito faz todo sentido, pois só nós vivemos nossas experiências e ninguém, em qualquer plano, poderá desempenhar esse papel em nosso lugar, portanto, façamos certo ou errado, façamos nós !
Entretanto, devemos considerar que nossas vidas fazem parte de uma teia complexamente entrelaçada em que um ponto não subsiste sem os outros. Seguindo essa analogia, fazemos sentido existencial apenas na presença de outros semelhantes. Mesmo nesse contexto, é difícil conceber essa ideia a ponto de adotá-la.

Durante minha conversa tive um insight sobre um teste onde cada um poderia compreender melhor essa situação.
Imagine que essa noite você vai dormir normalmente e que ao acordar se encontre numa sala completamente vedada, sem janela e com apenas uma "porta" sem fechadura. Você se depara com dois botões embutidos em uma das paredes cada um com uma placa.

- A placa de um dos botões continha o texto: aperte esse botão e SÓ VOCÊ morrerá.
- A outra placa continha o texto: aperte esse botão e SÓ VOCÊ viverá.

Havia ainda uma terceira placa ao lado da porta que dizia: você só alcançará a liberdade se apertar um dos botões, caso contrário definharás até a morte.

O que você faria ?

No próximo post eu darei minha resposta e farei considerações sobre o assunto.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Passado, presente ou futuro ?

O tempo é um assunto recorrente nesse diário, simplesmente porque ele permeia tudo e todos. As ciências naturais o utilizam para avaliar fenômenos, nós o utilizamos para definir nossa existência.

O tempo não existe por si só, nós o criamos ! Percebêmo-lo como algo contínuo e sem fim, cujo começo se remete ao início do que entendemos como universo. Portanto, a linha temporal limita o nosso alcance, nossa "abstração temporal". Não faz sentido perguntar o que havia antes do tempo zero, já que nossas fórmulas e equações só surgiram a partir desse marco inicial. Não faz sentido perguntar o que haverá depois do fim, já que não há um final predefinido. Na verdade, ainda há um limite muito menor da nossa percepção, já que nossa mente só experimenta de fato o intervalo da nossa vida...

O ser humano tem um atributo fundamental para a vivência temporal, a memória.
Curiosamente nós só memorizamos eventos que já aconteceram, mas não eventos que ainda estão porvir, ou seja, temos um acesso unilateral, restrito ao passado. Apesar disso somos capazes de imaginar o futuro, construindo realidades alternativas ao nosso bel prazer, em outras palavras, sonhamos com o futuro.
Em resumo, podemos nos "transportar" para o antes e para o depois, mas só existimos de fato no agora. O que eu entendo como real só acontece no presente !

Entretanto, por uma série de razões, uma grande parte das pessoas não "vive" só o hoje. Em geral, na minha percepção, mulheres vivem mais no passado e no presente, enquanto homens vivem mais no presente e no futuro. Infelizmente, quem vive demais em outros tempos costuma experimentar descrença, desconfiança, ilusão, alienação, inércia, ansiedade, dureza, de forma mais intensa. Por outro lado, concentrar-se em cada agora traz vida à existência, mas a busca incessante por uma não-causalidade também traz tormentos como irresponsabilidade, imediatismo, desorganização, além de provocar insegurança naqueles ao redor.

Enfim, somos "eternos" viajantes do tempo, caçadores de refúgio, fugitivos incansáveis. E você, onde vive ?


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O que vale é a intenção

A vida ?

Mais dúvidas do que certezas
Mais perguntas do que respostas
Mais loucura do que sanidade
Mais sonho do que realidade
Mais ansiedade, muito mais ansiedade

Nesse universo de tantos (...) o que mais vale é a intenção !

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Alea jacta est

Hoje, no fim do sexagésimo oitavo dia desde o meu último post eu venci a batalha contra mim mesmo. Sim, os dois hemisférios vinham travando uma luta diária e finalmente o lado direito venceu. Não foi uma vitória avassaladora, mas cá estou com as letras novamente.

Nos últimos quatro meses eu venho me dedicando a um novo hobby: vender. Parece estranho ? E é... (risos)

Na minha família materna há uma característica interessante, todo mundo tem os lados artista e cientista desenvolvidos simultaneamente. Minha mãe é contadora e cantora; meu tio, músico e engenheiro; meu irmão, quase-matemático e multi-intrumentista e eu, bem, eu gosto de números, acordes, palavras, pessoas, matizes... Não tenho a energia da minha mãe, a disciplina do meu tio ou o talento do meu irmão, mas tenho a minha diversidade. Eu me interesso por tudo e isso fez de mim um generalista.

Minha vida estava bem tranquila, quando surgiu uma oportunidade de mudança profissional. Depois de oito anos na área técnica, eu fui convidado para integrar a área comercial da empresa onde trabalho, assim, sem muitos preparativos. Fui tomado por um turbilhão de sensações, um sinal de que a proposta tinha me tirado da zona de conforto. Nada melhor do que um desafio pra atrair minha atenção e esse era um dos grandes.

Diante do mar de incertezas que me rondava, só uma idéia parecia certa: minha rotina não seria a mesma ! Eu já imaginava que escreveria menos, dormiria menos, faria menos exercícios, mas a emoção foi soberana.
De lá pra cá eu já fui promovido duas vezes e passei esse período vendendo idéias, soluções, resultados...
E nada melhor do que uma trova pra terminar o primeiro post de 2010 !

Vivo um momento científico,
Recheado de razão,
Mas na emotividade fico,
Na arte de um camaleão.

Alea jacta est
The die is cast
A sorte está lançada...
Haja preparação !


Saudações fraternais,
Fabio Machado

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Diário de bordo: Noruega - 07

De volta ao trabalho ! Hoje e amanhã assistirei um treinamento sobre um equipamento novo de detecção de incêndio. Serão dois dias corridos, porque além de participar do evento eu tenho que resolver outras pendências.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

Diário de bordo: Noruega - 06

Essa noite eu delisguei o despertador e hoje só acordei às nove. É muito fácil dormir aqui, é escuro, frio e eu durmo num casulo quentinho (risos).
Meus lábios amanheceram detonados. Minha suspeita é que o frio de ontem os ressecou demais e eles racharam. Preciso providenciar algum tipo de manteiga de cacau...

Como esperado o dia está horrível, congelante, chuvoso, cinza, um caos pra qualquer brasileiro que viva numa cidade do sudeste pra cima.
Já que eu não vou sair agora de manhã, vou aproveitar pra falar das mulheres de meia idade e da terceira idade norueguesas. Nas minhas observações, eu vi que existem basicamente três tipos de “senhoras”: a Viking dominadora, a Troll simpática e a Fada madrinha.
É curioso, porque todas as mulheres, quando mais novas, são muito parecidas. Elas têm uma beleza bem apreciada no Brasil, traços finos, olhos azuis, cabelos lisos loiros e pele branquinha ou rosada. Mas quando elas envelhecem se tornam um dos tipos supracitados.
Não estou sendo cruel, apenas usando nomes típicos pra descrê-las...

A Viking é uma mulher que manteve a sua reserva de gordura alta desde pequena, cresceu pra caramba e ficou troncuda como os seus ancestrais exploradores. O engraçado é que todas que eu vi estavam acompanhadas de “baixinhos” intimidados. Será que eles levam uns tapinhas em casa ? (risos)

A Troll é o tipo predominante. Como os loiros tem a pele mais sensível, eles ficam muito suscetíveis ao clima daqui. Consequentemente as pessoas ficam enrrugadas relativamente cedo, com aquele aspecto de amassado. Normalmente são mulheres simpáticas e sorridentes, mas existem as antipáticas e cizudas.

A Fada madrinha é aquela figura dos contos de fadas, com cabelo arrumado, óculos e pele conservada. Nas minha andanças eu vi algumas mais gordinhas, outras mais magrinhas, mas todas com um aspecto bem maternal.

Claro que agora que tipifiquei as senhoras, eu fico olhando e batizando cada uma delas. Também tentei estabeler um critério de ligação entre as jovens e cada um dos tipos, mas não consegui. Talvez seja difícil até pra um norueguês, já pensou acordar com uma viking do lado depois de vinte anos de casado ? O lance é andar na linha e torcer pra ela não ter um machado debaixo do travesseiro.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

Diário de bordo: Noruega - 05

Hoje é sábado. Ontem à noite, quando eu cheguei no hotel eu consultei a meteorologia pra ver a previsão pra hoje. Ela era de sol e eu resolvi adiantar alguns trabalhos até mais tarde pra poder curtir um dia de folga.
Acordei cedo e fui logo tomar café. A primeira surpresa foi que as oito da manhã ainda estava escuro. Eu não tinha me tocado disso antes, porque a cortina do quarto estava fechada, mas eu já estava com um monte de roupa e segui com o plano. A segunda surpresa foi o restaurante do hotel lotado. Era muita gente e tinha até fila organizada pra pegar a comida...
Os noruegueses são muito reservados e ninguém senta com estranhos na mesma mesa. Isso causa um pouco de confusão, porque fica um monte de gente em pé com o prato na mão olhando ao redor em busca de uma mesa vazia. Não havia nenhuma e pelo ritmo da galera sentada, não haveria por um bom tempo. Como eu sou cara de pau mesmo, fui logo me aproximando de uma mesa grande de 12 lugares já ocupada. Com todo o meu “charme brasileiro”, pedi licença e voilà, problema resolvido.

Aqui cabe comentar uma curiosidade nórdica: eles almoçam no café da manhã e tomam café da manhã no almoço. Todos os dias eu dou bom dia ao meu estômago com salmão defumado, sashimi de salmão, camarão, “hering” (peixe daqui), atum, queijos, ovos mechidos, sem contar as coisas que eu não como: batatas assadas, feijão, bacon, salsichas e bolinhos de carne, milhões de tipos de frios, tomates, pimentões, pepino.
É uma festa, mas é duro nos primeiros dias...

Por fim, terminei meu banquete e fui passear. Estava um frio desgraçado, mas todo mundo feliz da vida fazendo compras. Caminhei umas oito horas no total, três de manhã e mais cinco à tarde. Visitei praticamente a cidade inteira, só dessa vez eu consegui fazer passeios de certa forma inéditos. Entrei na catedral de Nidaros, a mais antiga da Noruega; assisti um apresentação de uma solista lírica e um concerto de flautas em outra igreja; fui na fortaleza de Trondheim, um local histórico; na torre de rádio, uma construção com um restaurante panorâmico bem alto com visão de toda a cidade; em alguns museus, na universidade tecnológica, já que eu estudei numa também; alguns parques, o pier, enfim, rodei tudo e foi bem legal !
Ainda não sei o que vou fazer amanhã, mas a previsão é de chuva e frio !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

Diário de bordo: Noruega - 04

Eu já tinha consultado o Google Maps pra saber quais eram as distâncias entre o meu hotel e os locais que teria que visitar. Depois de andar de ônibus ontem, eu me dei conta que é tudo perto e como experiência valeria a pena andar e conhecer uma parte não turística da cidade.
Resolvi arriscar a caminhada, mas quando saí do hotel o tempo estava nublado e chovia bastante. Desisti da caminhada, do ônibus e apelei pro taxi.
Com certeza os taxistas noruegueses são ricos. Paguei quase 190 coroas norueguesas por uma corrida de 4 Km ! Isso é aproximadamente R$63 que paga uma corrida de no mínimo 40 Km no Rio de Janeiro. Achei um absurdo, mas pelo menos há uma facilidade enorme, os taxis aceitam cartão de crédito. Sim, todos eles, é fantástico !

Terminado meu compromisso do dia eu já estava preparando o bolso pra morrer em mais R$63, quando pra minha surpresa, chego na recepção da empresa e vejo o céu azul. Não pensei duas vezes, saquei meu mapinha miniatura e coloquei o pé na estrada.
Nos primeiros quinhentos metros eu respeitei o mapa, mas logo eu vi uma igreja com um mini cemitério em volta, como se vê nos filmes. Aquilo chamou minha atenção e desviei da minha rota. Dali em diante foi um caminho alternativo, eu sabia apenas a direção que deveria seguir até o hotel. Fui sendo guiado pela “força” (piada interna), que me levou por várias ruelas, vielas, quintais, casinhas de madeira, construções antigas e novas, algumas empresas pequenas e finalmente a maior cervejaria local, a DAHLS.
Pra minha surpresa, eu de repente saí na rua que tinha visitado no dia anterior de ônibus e imediatamente meu GPS interno se ajustou. A partir desse momento eu faria a festa, porque tinha decorado o caminho do ônibus e o caminho a pé. Ambos combinados me levariam aos meus compromissos da semana seguinte.

Hoje é sexta-feira e tenho um final de semana pela frente. Vou ter que trabalhar um pouco, mas certamente vou poder aproveitar o SPA do hotel e andar pela cidade.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.