sexta-feira, 10 de julho de 2009

O indefectível timing

Um dia o Homem inventou o tempo... algo que apesar de ser imprescindível à vida moderna, é totalmente artificial. Não sei se é óbvio, mas diferente do espaço, que nossa cognição identifica naturalmente, o tempo não existe por si só, ele só se concretiza a partir de nossas mentes. Concebemos essa variável contínua, sem fim e autônoma, o que a tornou um elemento poderoso em nosso mundo.

Não é de se estranhar que o tempo tenha um papel diferenciado, pois é através dele que percebemos e registramos a nossa existência. E conforme esta foi ficando cada vez mais complexa, mais intrincado ficou nosso relacionamento com "Chronos". Eventualmente surgiu o conceito de timing, na minha opinião, o mais desonesto elemento das relações humanas.

Timing: saber decidir o melhor momento para fazer ou dizer algo; a regulação de uma ocorrência ou evento para alcançar o efeito desejado; o senso de escolher a oportunidade e o tempo de duração de um determinado plano.

Criamos ao poucos o momento-certo pra tudo: ouvir, falar, calar, sorrir, acordar, comer, beijar, encontrar, ligar, amar... Se isso ficasse restrito a um único indivíduo, tudo bem, mas quando envolve mais de uma pessoa, surge uma singularidade perversa, temos que alinhar os timings das duas ou mais partes.

Não gosto de probabilidades, mas nesse caso ela serve pra ilustrar de forma simples o que quero dizer. Assim que definimos um único instante certo, automaticamente todos os outros tornam-se errados e como o tempo é infinito, a probabilidade de duas pessoas se encontrarem na hora certa, por exemplo, é matematicamente zero (um dividido por infinito, ao quadrado).
Claro que isso é apenas uma representação fútil e limitada, mas deixa claro que eventos como esse são raros. Somando-se a esse processo segredos e mentiras, eles se tornam praticamente milagres !

Enfim, alinhar interesses é difícil, alinhar sentimentos afins, mais ainda.
O que eu sinto é que acima de tudo devemos viver e não apenas existir e para isso é necessário respeitar primeiramente o nosso timing e deixar que ele se encontre com o timing de outrem. Libertemo-nos; arrisquemo-nos; vivamos !


Saudações fraternais,

Fabio Machado

Um comentário:

Larissa disse...

Depois de um vazio criativo, estou de volta. Haha, sempre bom te ler! :*