quarta-feira, 20 de maio de 2009

Entre dois mundos

Mas uma manhã ele acordou pensando nela, mais um dia inpirado pelos seus encantos. Pegou seu pequeno bloco de notas e pôs-se a escrever versinhos inocentes, daqueles que se ouve na infância... Desejava encontrá-la e faria o possível e o impossível pra isso. Ao invés de levantar da cama, continuou deitado por alguns minutos e recostado em seu travesseiro, começou a sonhar acordado - O que será que ela está pensando agora ? Será que alguma vez pensou em mim ? Enquanto ele tentava adivinhar, o tempo passava resoluto. Ela certamente não tinha idéia do quanto ocupava a mente do jovem rapaz. Em seu sonho ele se tornava o que realmente era, parava diante da moça e com uma de suas pernas ajoelhada, entregava-lhe uma flor colhida por ele mesmo. O único que sabia do gesto lhe dissera: ela não é bonita como um princesa e vai te achar um verdadeiro bobo da corte ! Sim, estava certo, pois ela era linda como uma rainha e só um bufão real seria capaz de rir de si mesmo, caso ela o rejeitasse. O perfume floral aguçava-lhe os sentidos e de seu imo brotou uma linda poesia, sem rima, sem forma, mas deformada pelo amor, livre como ela o fazia sentir-se. Piegas, talvez; profano, nunca !
O despertador chamou-o de volta, mas ela não desapareceu, permaneceu viva nele. Apesar de estarem longe, a saudade consumia todo o espaço e a colocava tão próxima que ele via seu sorriso, sentia seu perfume, provava energias que por enquanto só existiam na sua imaginação.
Mas já era hora de transformar-se novamente. Com sua máscara em punho e seu pó mágico no bolso, ele cruzou a porta de seu quarto em direção à Ilusão. Sim, porque o Real era um reino distante, do qual só seria rei quando a tivesse ao seu lado. Por enquanto, ele era apenas o herói de si mesmo, vitorioso em sua nação solitária, derrotado pela percepção totalitária.


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

6 comentários:

Célia Vaz disse...

Esses despertadores... como costumam atrapalhar os belos sonhos e devaneios românticos...
Adorei o texto. Me faz lembrar tempos idos.

Fabio Machado disse...

Obrigado, Célia. O despertador nesse caso também serve de metáfora pra simbolizar alguns comentários desanimadores que às vezes recebo... Mas como no texto, na vida real eu também não esqueço dos meus sonhos. Sou teimoso e continuo escrevendo ! rs

Fica em paz !

Raquel Med Andrade disse...

Muito bonito,Fabio!Como na canção interpretada por Caetano, a intensidade de alguns sentimentos pode fazer de todos nós rainhas e reis. E o passaporte para esse enobrecimento é o sonho. Eu também sonho - sempre e muito!
Beijos

Marina disse...

Todos somos reis da nossa imaginação. Pena que a realidade não nos deixe ser senhores dela também.

Belo texto, Fábio. Beijos!

Raquel Oliveira disse...

Tem sentimentos que não explicamos...
amei
bjos

Aninha disse...

bem do estilinho que gosto...soltinho!!!!