quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O melhor Natal KiFoDA de todos

Todo ano eu aproveito o período de festas no fim do ano pra fazer minhas resoluções pessoais. São algumas horas sozinho, refletindo sobre o andamento dos meus projetos, as escolhas feitas durante os últimos meses, as perspectivas pro ano seguinte...

Esse processo geralmente dá origem a uma mensagem de Natal, onde eu tento manifestar a minha indignação contra políticas ou posturas que eu posso mudar em mim e talvez sensibilizar alguns amigos. Com o tempo eu percebi que esse hábito não é decorrente de uma cultura geral. Além de mim, é claro que existem milhares de pessoas que fazem o mesmo, mas possivelmente por sermos influenciados por elementos específicos e limitados, como religião, família, literatura e escola, nem todos nos acompanham.
Consequentemente, eu tenho dificuldade em comover meus leitores.

Passei a fazer um trabalho de formiguinha, discreto, mas com abordagem mais intimista há algum tempo. Nada muito procedural, mas com boa consistência. Meus atos falam muito mais do que minhas palavras e olha que eu falo bastante ! Meus amigos KiFoDAs mencionados no "post" anterior são muito mais sensíveis à percepção que têm de mim do que ao que eu realmente sou, então vai assim mesmo.

Por exemplo, eu consegui convencer meu amigo Carlos Henrique de que ele podia ser um corredor e depois da primeira corrida de rua, ele hoje está cheio de medalhas e de quilos a menos. Às vezes eu não sirvo de exemplo, porque dou minhas vaciladas, mas no fundo quem me conhece sabe que eu sou elegantemente bem intencionado, sempre !

Para alguém como eu, que deseja de verdade que as pessoas sejam felizes, nada poderia ser mais tocante que ser sensibilizado por aqueles que você mais adora.
Esse ano eu fui surpreendido pela proposta de promovermos um Natal solidário. Meus amigos tiveram a incrível idéia de recolher roupas e mantimentos durante a nossa festa natalina, os quais seriam destinados a pessoas carentes.
Minha família tem uma tradição de ajudar o próximo, meio que uma cultura assistencialista, então recebi essa idéia com profunda satisfação.

Algo dessa magnitude não poderia ser tratado de forma padrão ou corriqueira. Eu teria que me superar pra me colocar à altura da solidariedade, mas o que teria um significado maior ? Dinheiro não é algo que eu considere importante. Acredito no dízimo dos cabalistas e já destino parte do que eu ganho pra quem ganha menos do que eu, portanto doar uma boa soma não seria um diferencial.

Tive a idéia de doar aquilo que pra mim tinha mais valor, roupas que eu guardava como lembranças de um passado querido. Eram camisas dos clubes onde joguei volei, roupas do tênis de mesa, de academias que frequentei, de viagens que fiz com meus amigos, enfim, roupas que independente da sua utilidade eram mantidas graças ao seu valor sentimental.

Foi difícil ! Apesar de eu não ter apego nenhum a bens materiais, esses itens eram insubstituíveis. Eu me despedi de cada um lembrando dos momentos preciosos ligados a eles. Fui percebendo que a resistência que ofereci à postura da minha amiga Juliana Kühne, da sua mãe e dos seus irmãos quanto à doação de roupas era sim um tipo de apego, não aos objetos em si, mas ao prazer que eles me proporcionavam, o que dá no mesmo. Nesse interim eu entendi que não existem lembranças melhores do que outras, que ao me desfazer de algo valioso eu estaria criando uma nova lembrança, tão positiva quanto as outras e associada a estas. Foi o que fiz, praticamente esvaziei o meu armário ! Melhor dizendo, eu doei muita coisa, mas ainda tenho mais do que preciso...

E assim, esse ano eu tive o melhor Natal KiFoDA de todos, o Natal KiFoDA Solidário.
Ele foi a materialização dos meus desejos sociais, enquanto militante do terceiro setor.

Mais ainda, meus amigos fundamentaram todo o orgulho que eu sinto de fazer parte desse grupo e a certeza de que o que é necessário pra que eu mantenha vivas em mim memórias especiais é a convivência com pessoas especiais. Aliás, nossa união vem suscitando idéias e atitudes cada vez mais elevadas. E eu quero mais, sempre mais !

Meus votos agora são que essas roupas e acessórios tragam alegria pra outras pessoas e criem muitas lembranças positivas pra eles. Boas festas !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

2 comentários:

Raquel Oliveira disse...

Parabéns pela nobreza.

E um 2009 excelente pra gente.

Raquel Oliveira disse...

Um gesto puro e repleto de energia.
Me vi em algumas palavras ditas aqui.
Essa prática aprendi desde pequena com meu pai.
Ao comprar uma roupa nova, chega em casa e uma roupa antiga sai para doação. Não preciso de quantidade e nem me apegar a pequenas coisas como uma vestimenta e seus acessórios.
Outra prática que já fazia mais não com freqüência é dar doces e brinquedos para crianças em orfanatos. A sensação é a mais completa de todas e se um dia puder fazer esta prática vai sentir o que estou aqui descrevendo.
A partir deste ano começo todo mês a levar docinhos para as crianças. Será um ato de "mimo" e desprender um novo sorriso delas, que pra mim vem como positivo pro meu caminhar.
Além disso, começo a apadrinhar 2 novas crianças como uma adoção, ajuda a estudar, a dar presentes, levar pra passear, realmente uma madrinha.

Adorei ler este post e me identifiquei demais com ele.
Atitudes assim nos completam e nos fazem ainda melhores e maiores.

A vida pra mim é tão passageira que prefiro me apegar comigo, cuidar de mim. As coisas materiais são pequenas e fúteis que não nos completam.

Você é uma pessoa que apareceu no meu caminho para somar, mesmo não nos conhecendo acredite que suas palavras dizem e muito pra mim.
Adoro seus comentários no meu blog e entram como uma injeção de ânimo pra que continue escrevendo.
E suas dicas são as melhores para que eu busque crescer e melhorar ainda mais.
Admiro-te sem te conhecer, pelas palavras somente, por isso, elas falam e muito sobre você.

Bjos