sábado, 13 de junho de 2009

Obstáculos à Felicidade II: A inércia psíquica

Passei os últimos meses pensando no assunto desse post. Quando eu escrevi que nós mesmos somos o primeiro obstáculo à felicidade eu achava que publicaria uma série de textos citando outras dificuldades.
Primeiro defini a próxima barreira como sendo a religião, depois, pensando melhor, percebi que o fanatismo, esse sim era um grande problema, mas por último entendi que a imutabilidade era o ponto chave, a causa fundamental de todos os anteriores, afinal, dogmas não são impostos, dogmas são aceitos !
Comecei a escrever, mas algo me incomodava, eu lia minhas próprias palavras e sabia que aquilo estava incompleto ou era uma simplificação incorreta. Um belo dia apaguei tudo e resolvi observar, perceber e refletir.

Estou certo de que mudança não é uma escolha. Tudo muda independente da nossa vontade, até porque energia tem uma natureza intrinsecamente metamórfica e tudo é energia. Esses processos podem até seguir uma lei primordial como alguns físicos e astrofísicos acreditam, mas ela não deixará de ser uma Lei Universal da Mudança.
Portanto, nossas escolhas não são capazes de imutabilizar; pelo contrário, elas é que podem nos levar em direção aos nossos sonhos e objetivos. Por isso, nós somos nosso primeiro entrave.

Entretanto, é notório que mudar é assustador para muitas pessoas e a mesmice provoca uma certa sensação de segurança. Mas por que ? Por que diante de algumas situações tristes, relacionamentos frustrados ou empregos desumanos não fazemos valer nosso livre arbítrio e mudamos a nossa realidade ? A princípio, a "materialização" de uma vontade deveria ser capaz de resolver essas questões, mas não é tão simples assim...
Tentando responder essa pergunta é que eu tive um insight interessante duas semanas atrás, que venho maturando até agora.

Todos nós (acho essa uma generalização bem razoável) buscamos padrões. A padronização envolve processos como comparação, associação, correlação, classificação e registro, e talvez tenha sido a grande responsável pelo sucesso da nossa espécie. Alguém pode dizer que existem outros mecanismos importantes como a abstração, mas eles não vão afetar a minha teoria.
Padronizar até certo ponto nos promove a "futurólogos" ou profetas, que tentam prever o porvir com base em nossos padrões pré-existentes em busca de segurança, e quanto mais seguros nos sentimos, menos ansiosos somos; e quanto menos ansiedade temos, menos deterioramos nossa fisiologia e assim, maior é a nossa longevidade. Bingo !
Se minhas idéias estiverem certas, esse comportamento está enraizado nos nossos planos inferiores de consciência, imerso em nosso instinto de sobrevivência.

Essa pseudo-segurança transcende o estado mental corrente, criando um obstáculo ainda mais desafiador, uma versão inconsciente do primeiro, que eu batizei de inércia psíquica.
Definindo de forma leiga, a inércia é uma propriedade da matéria (e da energia) que descreve uma tendência dos corpos de permaneceram em seu estado atual e a mesma parece valer para a psiquê.
De alguma forma muito sinistra, nos mantemos em um estado psíquico que nem mesmo nossas vontades conscientes conseguem mudar fácil. Primeiro, porque não somos capazes de acessar diretamente o inconsciente e alterá-lo. Além do mais, acredito haver uma consonância natural entre nossos planos de consciência e por mais que possamos agir livremente, se o fazemos, a mudança repentina de comportamento cria uma divergência entre o consciente e o inconsciente, uma dissonância que é desconfortável e ameaçadora na medida em que o último não consegue acompanhar o primeiro.

Por exemplo, alguém que tem pavor de sapo devido a um evento traumático qualquer, não consegue pegar o anfíbio com a mão, nem que isso seja uma escolha mental, porque o trauma registrado no insconsciente não pode ser apagado instantaneamente e pegá-lo seria inseguro. Alguém que vive um relacionamento ruim, não o abandona, pois mesmo que as emoções vividas sejam negativas, elas são conhecidas e consequentemente seguras. Abandoná-lo significaria viver emoções novas, que independente da sua natureza, seriam inseguras. Existem inúmeros outros exemplos, mas a idéia é que cada um reconheça os seus.

O mais curioso é que na verdade não temos controle sobre a vida ou sobre o tempo e por mais que a inércia psíquica seja um mecanismo de proteção, ela é fundamentada na falsa premissa da previsibilidade do futuro. Infelizmente, até agora não consegui pensar numa maneira de evitá-la ou contorná-la, já que nossa existência é rodeada de padrões, onde mesmo os que tentam contrariá-los acabam estabelecendo “anti-padrões”. Nem mesmo o conhecimento dessa teoria soluciona o problema...

Aleatoriedade, definitivamente, não combina com o ser humano. Bem-vindos à prisão da consciência. Liberte-se e se tornará livre !


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

4 comentários:

Jubs disse...

É por isso que as vezes penso que o tal livre-arbitrio é algo meio "capenga". Estamos semrpe presos a nosso insconsciente, pelo menos aparentemente... sei la, mto confuso.. principalmente hj..hehe
bjs

Larissa disse...

Sorte de quem consegue libertar-se dela. :S

Ó, deixei um selo pra tu, como todo carinho, lá no lado de dentro. :)

Nathália M. Pimentel disse...

Oi Fábio...
vai ver q o sistema achou q o blog tava desativado... tem séculos que eu não atualizo.. vou tentar manter a frequência agora!
Adorei isso de ganhar o Selinho.. eu o vi aqui no seu blog.. mas como faz??
Tem algum post falando dele?
Depois me manda o link tá!?

Beijiiiiiiiiinhos =*
Nathy

Dois Cafés disse...

Tinha lido este texto meio por cima e fui reler agora por causa do último post. Bom, concordo com a idéia geral e acho que faz parte da nossa sobrevivência essa busca por padrões (o que pega negativamente é ficarmos "presos" a eles). Só achei que 2 frases ficaram meio desconexas nesse panorama: "Estou certo de que mudança não é uma escolha" e "Tudo muda independente da nossa vontade.". Acho que mudança é uma escolha sim, conseguirmos realmente mudar é que é o negócio! E esse "tudo independente" ficou um pouco na superfície. Talvez eu não possa fazer algo externo mudar só com a minha vontade, pois o universo é um "conjunto de vontades", não apenas as minhas. Mas eu faço parte do todo, então se eu mudar, o todo vai mudar também... O papo é longo pra ficar aqui no comentário, mas acho que você captou a idéia! rs.

Obs.: Sugestão: que tal fazer os posts mais curtos e ir colocando as idéias aos poucos? Assim acho que o conteúdo se perde menos (e os comments tb ficam menores, heheh)