quinta-feira, 4 de junho de 2009

As ameaçadoras 3i

Em épocas de muitos afazeres como a atual, só me resta publicar textos antigos que vou guardando na minha "sala de maturação". Esses escritos às vezes são encorpados por novas idéias, às vezes devidamente reescritos e até eventualmente apagados, o que é muito raro, mas independente do fim, eles ficam descansando até o dia em que ganham o mundo. Esse é um deles...

Existe uma categoria de mulheres muito peculiares e pra mim ameaçadoras, que atraem a minha atenção como poucas. São as que eu chamo de 3i: inteligentes, interessantes e independentes. Também existem as guerreiras 4i, que são tema de um outro post, mas as primeiras já são raras graças à nossa sociedade machista, hipócrita e discriminatória e vou me restringir às primeiras por enquanto.

Eu criei essa classificação num período breve que estive solteiro logo no início da faculdade, mas que tem relevância até hoje. O nome eu inventei recentemente, mas o conceito continua o mesmo.
Estudei numa universidade grande que fica num local chamado de cidade universitária, onde existem vários prédios que acomodam as faculdades. Perto do centro de tecnologia, onde era o meu curso, havia as faculdades de letras, arquitetura e desenho industrial, e o centro de ciências matemáticas e da natureza, ou seja, eu estava rodeado por todo tipo de pessoa.
Confesso que nessa fase a espiritualidade ficou um pouco de lado e deu espaço pra toda a razão que permeia a área de exatas. Ao contrário do que são hoje, meus critérios eram muito mais racionais do que emocionais e sendo jovem, apresentável, com um corpo bacana, um carro, ainda que popular, e aluno do curso de engenharia mais disputado da época, conheci bastantes moças nas muitas chopadas que aconteciam.

Apesar dessa aparente futilidade, algo que sempre valorizei foi a boa conversa. Foi com bons papos que a maioria das minhas namoradas me conquistou. Nesse quesito se destacam as moças inteligentes, porque na minha percepção quem possui esse atributo é aquele(a) que se pergunta os melhores e mais seqüenciados porquês e consequentemente tem muito o que oferecer num diálogo.

Já uma pessoa interessante é na minha visão alguém eclético, que tem interesses diversificados e que questiona a "(des)ordem do momento", disposto(a) no mínimo a perturbar o status quo. As interessantes, mais do que conversar, sabem se impor, compor e expor, ganhando destaque no meio do oceano da mesmice sem que isso seja ofensivo ou arrogante.

Quando além de inteligente e interessante, que são características mais freqüentes, a mulher é independente, ou seja, enfrenta um sistema que defende a existência do sexo frágil, do ser feminino que precisa de uma bengala, masculina ou não, aí temos uma combinação peculiar. A independência vai trazer a liberdade necessária pra que a inteligência e o ecletismo fluam com todo o seu potencial, vai transformar o "parecer" e o "querer ser" em "ser". Ouviremos, então, as frases convictas "eu sou" e "ela é".

Naquela época universitária, quando eu me deparava com uma mulher 3i, eu me sentia realmente desafiado, sem que essa fosse a intenção dela. Entretando, ao invés de me afugentar, essa tríade me atraía e fazendo uso da minha lógica, eu enxergava esse conjunto como uma obra-prima, que merecia antes de mais nada meu respeito, mas que também despertava o meu desejo.

Que ironia não foi namorar uma dessas mulheres e anos depois perceber que os três "is" não só não garantiriam o sucesso de um relacionamento, mas também que faltava um quarto "i" que a racionalidade tinha deixado de lado.
Só depois de um período muito espiritualizado, oculto e esotérico é que eu percebi que a intensidade é fundamental. Resumo nesse quarto elemento, por exemplo, empatia, química e outras espiritualidades. As palavras podem passar outra impressão, mas essas características são oriundas de uma abordagem etérea.

Hoje eu vejo o quão importante é reconhecer nas mulheres essas qualidades, já que eu acredito na definição de prosperidade da Cabala Judaica, onde a felicidade conjugal é um dos seus três aspectos fundamentais.
Mas independente de qualquer categorização, coração tem vida própria e uma mulher 3i vai ser sempre uma ameaça pra mim, que eu vou ter que escolher fugir ou enfrentar. Não sei porque eu ando meio fugidio. Estou precisando de uma marretada na cabeça ou ser subjugado por uma guerreira 4i ! (risos)


Saudações fraternais,

Fabio Machado.

4 comentários:

Aninha disse...

é...
Eu, realmente, não consigo entender esse momento fugidio.
Para mim soa como se fôsse um menino que queria tanto ir à montanha russa, enfrenta uma fila de horas e chega na hora e diz "melhor ver se existe outra melhor que esta".
Não foge, não, Fabinho!
Não foge! rss

Anônimo disse...

Pobres mulheres 3is! Qual opção lhes resta além de uma invisível burka se até um homem 3i tem arraigadas características dessa sociedade machista, hipócrita e discriminatória!:P
As 3is não são tão raras, mas muitas acreditam que o mais sensato é ser o pescoço e nunca a cabeça, pois sabem que se mostrar tem um preço alto: o da fogueira ou o do isolamento.
No meu ponto de vista, o da burka é o mais alto - trata-se da condenação a uma não existência.
Somente um 3i poderia enxergar, compreender e até amar outro 3i! É lindo quando ocorre, mas tão raro... Porque esse encontro é permeado de fascínio e terror já que isso significa correr o risco de se perder um i ou todos eles, mas também a única possibilidade de potencializá-los e transcendê-los.
Amar um 3i é como ter um pássaro selvagem pousado em seu braço - ele está lá porque escolheu e não porque precisa! É viver na angústia de saber que a qualquer momento ele pode voar! É resistir à vontade de prendê-lo por saber que o seu encanto é ser selvagem...
Uma marretada!? Tz fosse realmente necessário no seu caso rsrs, mas nem por isso deixaria de ser ilusório e passageiro! Entretanto você não quer abrir mão das armaduras e capacete.
Me parece que o príncipe sonha com uma princesa perfeita, mas anda com medo de enfrentar os dragões!
Na verdade, os próprios dragões.

Fabio Machado disse...

Sim, você (anônima) me chamou atenção. Pelo menos os dois primeiros "is" você parece ter ! (Não podia perder a oportunidade da implicância..rs)
Sua análise é robusta, mas infelizmente eu não fui claro o suficiente nas minhas palavras pra você entendê-las como eu gostaria.

Eu fiz questão de dizer que as mulheres 3i me atraem. Mais do que isso, eu disse que já tive ao meu lado uma mulher 3i (na verdade houve outras), que realmente alçou vôo, mas nem por isso me assustou ou me intimidou.
Eu disse que as mulheres 3i são raras, mas devido à pressão invisível da sociedade. Eu sei que elas estão escondidas por aí...rs
E o que eu quis dizer no último parágrafo, o mais importante, é que o grande problema da 3i é que ela pode ou não ser uma guerreira 4i e isso sim é ameaçador pra mim, porque a intensidade é algo mais sutil, difícil, mesmo pra alguém perceptivo como eu me considero.
Sendo assim, pra arriscar descobrir se uma mulher 3i é a poderosa guerreira 4i só levando uma marretada na cabeça pra adormecer minha mente inquieta ou ser "dominado" pela intensidade da verdadeira guerreira ! (Por favor, isso é apenas uma metáfora, não existe domínio nesse caso)

Saudações fraternais,
Fabio Machado.

Aninha disse...

Ah...quando os 3is se encontram...
Estou amando esta batalha de "i"s.
Isso é fascinante!!!
Só não permitam o desgaste dos "i"s sem que haja ganhos no final....
Fabio, essa anônima é boa!!!!

querida anônma,
não parta para a burka nunca.
O seu 3i correto vai te encontrar.
É um disperdício uma burka numa mente que precisa estar à mostra!!!!

Ana